O cenário político brasileiro continua tenso com a pressão sobre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos fazendo campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Desde março, Eduardo está licenciado de seu mandato, e a pressão da bancada de oposição e da esquerda para a cassação de seu mandato tem aumentado consideravelmente.
A estratégia de Hugo Motta
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já tomou uma posição clara sobre o assunto. Em resposta à pressão, Motta decidiu que não permitirá que os pedidos de cassação ou o projeto dos bolsonaristas avancem, optando por deixar que o regimento interno da Câmara funcione de forma automática. Isso significa que, se Eduardo não retornar do exterior e acumular faltas, sua cassação se dará de forma mecânica quando ultrapassar um terço das sessões do Congresso.
Pressão sobre a base governista
Enquanto isso, vários deputados da base governista já fizeram pedidos de cassação ao Conselho de Ética. Por outro lado, os apoiadores de Eduardo tentam viabilizar um projeto que permite seu exercício parlamentar à distância, evitando a perda do foro privilegiado e de seus salários, mesmo sem o retorno ao Brasil.
“Não há votos para cassar e esse projeto também não faz o menor sentido. A Câmara não pode se sujeitar a interesses de ocasião”, afirmou um aliado de Motta. Muitos veem a estratégia de aguardar como o melhor caminho a seguir, mas isso pode ser arriscado, pois a situação política e jurídica de Eduardo continua a se deteriorar.
A lengthiness do processo
Pelo regimento interno, se Mantido o calendário da Câmara, Eduardo poderá atingir o limite de faltas, próximo de 43 sessões, na primeira semana de novembro. Esse argumento foi utilizado para justificar a espera pela burocracia, que, segundo críticos, pode prolongar a crise envolvendo o deputado.
Eduardo é alvo de um inquérito que apura se suas ações nos Estados Unidos configuram coação e obstrução de investigação, o que o levou a temer um possível retorno ao Brasil. A questão da licença também está sendo debatida, já que existe uma proposta que prevê a extensão deste benefício por mais 120 dias, ajudando o deputado a evitar a perda do cargo.
Tentativas de aproximação e alternativas
Além das estratégias para a proteção do mandato, Eduardo e seus aliados estão considerando várias alternativas. Uma delas seria uma aproximação com Hugo Motta para apresentar um posicionamento da Câmara afirmando que está em “missão oficial” nos EUA. Outra possibilidade ventilada é a de que assuma um cargo estatal em um governo alinhado com as suas ideias, o que lhe permitiria se licenciar e seguir em suas atividades no exterior sem risco de perder seu mandato.
Porém, a resistência ao projeto de lei que permitiria a atividade parlamentar à distância ainda é forte na Câmara, especialmente entre membros do Centrão, dificultando a viabilidade das ideias propostas.
Calendário político em jogo
O calendário político se mostra um elemento crucial nesta situação. Segundo as regras, a Câmara deve funcionar entre 2 de fevereiro e 22 de dezembro, com intervalos que podem ser afetados pela tensão política. A expectativa é de que, se os pedidos de cassação não avançarem antes do período das primeiras votações em setembro, a situação de Eduardo ficará ainda mais complicada.
Eduardo Bolsonaro visa também uma possível candidatura ao Senado por São Paulo ou até uma candidatura à presidência nas próximas eleições, o que pode intensificar a pressão sobre ele e suas estratégias, dependendo da resolução de sua situação atual.
Embora as tentativas de Eduardo para manter seu cargo continuem, a pressão da política nacional e os desafios jurídicos apresentados revelam um período conturbado, onde resiliência e estratégia são fundamentais.
As decisões da Câmara e o desenrolar desse caso continuarão a impactar diretamente o cenário político e o futuro de Eduardo Bolsonaro, que permanece um nome polêmico e crucial para as articulações do período.