Na Semana Mundial de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos, a Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados (CEMIRDE) enfatiza a necessidade de alertar e mobilizar a sociedade sobre esse crime profundamente enraizado. Focando na província de Nampula, Moçambique, a CEMIRDE inicia uma série de eventos de sensibilização que buscam informar, prevenir e combater o tráfico humano, particularmente entre jovens e mulheres, que são os grupos mais vulneráveis.
A importância da conscientização nas comunidades
O coordenador da CEMIRDE, Charles Moniz, afirma que o tráfico de pessoas é uma realidade alarmante em Moçambique e não deve ser minimizado. Segundo ele, “este crime muitas vezes permanece oculto, não apenas por falta de denúncias, mas também pelo medo que as vítimas e suas famílias sentem”. Durante esta semana, a CEMIRDE atua em parceria com escolas, paróquias e comunidades locais para garantir que mais pessoas estejam cientes dos perigos e das armadilhas do tráfico.
Uma das iniciativas importantes será realizada na paróquia de São João Baptista, onde serão promovidas palestras e atividades voltadas para os jovens, destacando o trabalho do grupo Jean-Josephine Bakhita, uma homenageação à padroeira do combate ao tráfico humano.
Eventos programados para conscientização
Um dos momentos culminantes da semana ocorre no dia 30 de julho, Dia Mundial Contra o Tráfico de Pessoas, quando uma marcha estará programada, organizada pela CEMIRDE em colaboração com a Procuradoria e várias outras instituições estatais e civis, incluindo a Polícia e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC). Este evento visa ampliar a visibilidade do problema e promover uma maior participação da sociedade na luta contra essa prática criminosa.
Fatores que contribuem para o tráfico de pessoas
Moniz ressalta que a pobreza e a vulnerabilidade social são fatores que tornam muitas jovens raparigas alvos fáceis para os traficantes, que usam as redes sociais para aliciar suas vítimas. Ele observa que “o desejo de ter um estilo de vida que não condiz com a realidade torna muitas delas suscetíveis a promessas de uma vida melhor, que, na verdade, são armadilhas”.
Recentemente, a CEMIRDE tratou de casos alarmantes, incluindo um incidente em que um pai tentou traficar seu próprio filho no distrito de Angoche. Neste ano, a Comissão já identificou casos em Mugovolas e Murrupula, levantando preocupações sobre o número real de ocorrências, que pode ser consideravelmente maior do que os dados disponíveis mostram.

Desafios enfrentados por refugiados e deslocados internos
Além do tráfico humano, a situação dos refugiados em Moçambique direferente à assistência humanitária revela-se crítica. Os apoios foram drasticamente reduzidos e muitos refugiados vivem em situações precárias. Programas de reinstalação para países como Estados Unidos e Canadá estão suspensos, e Moçambique deixou de aceitar novos refugiados, incrementando o desespero entre aqueles que necessitam de ajuda urgente.
Quanto aos deslocados internos de Cabo Delgado, a realidade é mista. Alguns conseguiram se reintegrar em Nampula, mas muitos ainda preferem retornar às suas regiões de origem, apesar das incertezas e falta de segurança que persistem.
Um apelo à vigilância e ação comunitária
Charles Moniz finaliza a iniciativa com um firme apelo às comunidades e, especialmente, aos jovens: “Sejam vigilantes. O tráfico humano e de órgãos é uma realidade. Desconfiem de propostas fáceis. Denunciem. Prevenir é salvar vidas”. Essa mensagem visa inspirar um movimento coletivo em busca de soluções e fortalecendo a proteção das pessoas vulneráveis em Moçambique.
Fonte: Vatican News