Em entrevista concedida ao “EWTN News Nightly” em 22 de julho de 2025, o cardeal Fernando Filoni refletiu sobre o papel da Igreja no Oriente Médio, uma região de profunda importância histórica e atual para o cristianismo. Ele destacou que a missão cristã ali vai além do passado, sendo fundamental para o presente e futuro da Igreja na região.
Resgate da identidade e resistência na Terra Santa
Filoni reforçou que o Oriente Médio não deve ser considerado apenas como o berço do cristianismo, mas como uma área de comunidades vivas e atuantes. “Jerusalém é a Mãe Igreja. Ninguém deve esquecer sua casa paterna”, afirmou. O cardeal lembrou sua experiência como núncio apostólico em Bagdá durante a Guerra do Golfo, quando, mesmo com bombardeios e risco de vida, permaneceu com os fiéis, reforçando a presença e o apoio moral às comunidades.
Apesar dos perigos e das ondas migratórias, o cardeal enfatizou a necessidade de viver e apoiar as comunidades cristãs na região. “Precisamos mostrar que estamos com eles”, disse, evocando a importância de permanecer como pastores e fiéis, mesmo em situações adversas.
O legado bíblico e a missão de perseverar
Filoni citou a Bíblia para reforçar que a resistência e a coragem diante das dificuldades são heranças da tradição cristã. “Se um pastor foge, as ovelhas se dispersam”, afirmou, destacando que a Igreja deve agir com a dignidade e coragem de Jesus, o Bom Pastor. “Essa é uma herança fundamental da Igreja”, completou.
Contribuições da Ordem do Santo Sepulcro e esforços de paz
Atualmente, o cardeal lidera a Ordem Equestre do Santo Sepulcro, que apoia o Patriarcado Latino de Jerusalém, liderado pelo cardeal Pierbattista Pizzaballa. A ordem realiza ações de assistência financeira, apoio a escolas, igrejas e ajuda humanitária, buscando garantir que os cristãos possam permanecer em suas terras ancestrais. “Somos uma força de suporte por trás do patriarcado, uma expressão da comunhão na ação da Igreja”, explicou Filoni.
Além de seu papel de suporte, Filoni reforçou a importância de a Igreja atuar como agente de paz na região. “A paz não é uma opção secundária, mas prioridade. Precisamos superar o passado de injustiças e buscar uma convivência pacífica”, afirmou. Ele citou exemplos históricos de ações diplomáticas do Vaticano, como a influência na troca de prisioneiros durante a guerra Irã-Iraque, e destacou que iniciativas que promovem o diálogo surgem também do menor gesto de solidariedade.
Desafios atuais: Gaza e a busca por justiça
O cardeal manifestou preocupação com o conflito em Gaza, criticando a violência indiscriminada e as ações que prejudicam civis e reféns. “Não há justificativa para ataques a civis ou para a manutenção de pessoas em cativeiro”, declarou. Ele afirmou que o Patriarcado de Jerusalém, apoiado pelo Vaticano, trabalha incansavelmente para oferecer ajuda humanitária e manter viva a presença cristã na região.
Filoni partilhou uma imagem de resiliência que testemunhou em Mosul, no Iraque: uma parede onde a imagem do Papa permanecia intacta após um bombardeio. “A cruz não caiu. Ela é mais forte que a violência, símbolo da paz que Deus trouxe ao mundo através de Cristo”, refletiu, reforçando que a cruz representa a esperança e a força da Igreja diante do sofrimento.
Perspectivas futuras e esperança
Ao concluir, o cardeal ressaltou a importância de que a Igreja continue promovendo ações concretas de solidariedade, diálogo e paz no Oriente Médio. Ele reforçou a necessidade de novas gerações compreenderem que a presença cristã ali é essencial para a estabilidade e a solidariedade na região, confiantes de que, com fé e perseverança, os cristãos podem contribuir para a reconciliação e a paz duradoura.
Fonte: Catholic News Agency