O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23/7), em Brasília, que o governo brasileiro tenta estabelecer contato com o governo dos Estados Unidos para negociar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump. O assunto, no entanto, está centralizado na Casa Branca, segundo ele.
Esforços de diálogo com os Estados Unidos
De acordo com Haddad, a equipe econômica da Fazenda mantém conversas com a equipe do Tesouro norte-americano, enquanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC), liderado por Geraldo Alckmin, está em contato com secretários do governo Trump. “Estamos fazendo tentativas de contato reiteradas, mas há uma concentração de informações na Casa Branca. Alckmin está tendo contato com secretários. No nosso caso da Fazenda, temos contato com a equipe técnica do Tesouro americano, mas não com o secretário”, explicou Haddad.
O ministro destacou ainda que o Brasil espera sua vez na mesa de negociações com os norte-americanos. As tarifas impostas por Trump deverão entrar em vigor em 1º de agosto, conforme anunciado pelo ex-presidente dos EUA.
Plano de contingência já elaborado
Haddad confirmou que a área técnica do governo concluiu o debate sobre possíveis medidas de contenção, que deverão ser adotadas caso a tarifa seja efetivada. Os detalhes dessas ações serão apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana. “A decisão sobre medidas específicas não é do Ministério da Fazenda e ainda será avaliada pelo presidente”, afirmou o ministro.
Ele também ressaltou que o governo estuda várias estratégias para promover um debate técnico e equilibrado entre os países, mas não revelou os itens que estão em discussão. Haddad reforçou a posição de que o Brasil permanece na mesa de negociações com os EUA. “Nós tivemos boas surpresas em relação a outros países nos últimos dias. Podemos chegar a 1º de agosto com alguma possibilidade de acordo, mas é preciso que as duas partes estejam dispostas a dialogar”, comentou.
Tarifa de Trump e reação brasileira
Trump anunciou a taxação de produtos brasileiros por meio de uma carta publicada nas redes sociais, dirigida ao presidente Lula, em 9 de julho. Apesar do anúncio, o governo brasileiro afirma que a ordem executiva para efetivar a cobrança ainda não foi enviada. Assim, há esperança de evitar a aplicação imediata da tarifa.
Governadores e ações de contenção
Haddad avalia que as medidas de contenção adotadas por governadores são bem-vindas, embora insuficientes para o peso do impacto. “Por uma linha de R$200 milhões, estamos falando de apenas US$40 milhões, enquanto o problema envolve cerca de US$40 bilhões”, exemplificou. Ele destacou a importância da mobilização dos governadores, que perceberam que se trata de uma questão de Estado, e não de governos locais.
Governadores de São Paulo e Goiás, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, anunciaram linhas de crédito para apoiar empresas exportadoras ameaçadas pelas tarifas. Os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, também estudam medidas para o enfrentamento da situação.
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