Brasil, 23 de julho de 2025
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Brasil critica tarifas unilaterais na OMC e defende sistema multilateral

Brasil, com apoio de 40 países, reagiu às medidas unilaterais dos EUA na Organização Mundial do Comércio, defendendo regras internacionais

Nesta quarta-feira, o Brasil, apoiado de cerca de 40 países incluindo União Europeia, China, Rússia, Índia, Canadá e Austrália, criticou as tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). A declaração ocorreu em um momento de grande tensão no comércio internacional devido às ações de Washington e às dificuldades na reforma do sistema multilateral.

Brasileiros denunciam uso de tarifas como ferramenta de intervenção

O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Philip Fox-Drummond Gough, afirmou que tarifas estão sendo utilizadas para interferir em assuntos internos de outros países, numa referência velada às críticas do presidente Donald Trump ao Judiciário brasileiro. Segundo ele, “o mundo está testemunhando uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como ferramenta em tentativas de interferir nos assuntos internos de terceiros países”.

Gough enfatizou que o Brasil mantém princípios como o Estado de Direito, a separação de poderes e o respeito às normas internacionais, condenando o uso de tarifas arbitrárias. “Como uma democracia estável, o Brasil tem firmemente enraizados esses princípios na nossa sociedade”, declarou.

Repercussões e continuidade das negociações

Medidas americanas e efeito global

Donald Trump anunciou a aplicação de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras e a suspensão de vistos a sete magistrados do Supremo Tribunal Federal, incluindo Alexandre de Moraes. A delegação dos EUA alegou que as ações seriam necessárias para proteger suas empresas de condições desiguais de competição, apesar da forte reação internacional.

O embaixador brasileiro ressaltou que, apesar das críticas abertas na OMC, as negociações de bastidores entre Brasil e EUA continuam, com o objetivo de adiar a implementação das tarifas e buscar um entendimento. “O momento demanda diálogo, e não ações unilaterais que prejudicam o sistema de comércio global”, disse.

Críticas ao sistema multilateral e riscos de instabilidade

Gough afirmou que o ataque ao sistema multilateral de comércio e à credibilidade da OMC representa uma ameaça à estabilidade mundial. “Tarifas arbitrárias e caóticas estão interrompendo cadeias produtivas globais, elevando preços e promovendo estagnação econômica”, alertou.

Ele afirmou ainda que a paralisação do órgão de apelação da OMC, devido ao boicote às nomeações de árbitros iniciado no governo de Trump e perpetuado na gestão Biden, agravou a crise do sistema. “A incapacidade de resolver disputas comerciais por meio do diálogo compromete o avanço do desenvolvimento sustentável”, completou.

Debates e perspectivas futuras

O diplomata destacou que o Brasil continuará a defender a necessidade de um sistema de comércio baseado em regras e na cooperação internacional. “Estamos firmes na busca por soluções negociadas, fundamentadas em boas relações diplomáticas e comerciais”, concluiu.

Segundo interlocutores do governo, investigações conduzidas pelos Estados Unidos, como as relacionadas ao Pix e às redes de comércio popular, mostram o esforço americano de proteger suas indústrias diante da crise. No entanto, as ações externas não devem inviabilizar as negociações bilaterais em curso, que visam amenizar os efeitos das tarifas e promover a reforma do sistema da OMC.

Enquanto isso, a proposta brasileira de uma reforma na organização busca fortalecer o papel do órgão na resolução de disputas comerciais, essenciais para manter a estabilidade econômica global em meio à instabilidade gerada por medidas unilaterais.

A reunião, realizada em Genebra, reforçou a urgência de atuar pela preservação do multilateralismo, à medida que países de diferentes regiões manifestaram preocupação com os efeitos das tarifas e a crise da OMC. A expectativa é de que o diálogo entre os atores internacionais continue, apesar das tensões atuais.

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