O Banco Central (BC) elaborou uma nova solicitação de informações ao Banco BRB e ao Banco Master, com o objetivo de aprimorar a análise da operação de aquisição envolvendo as duas instituições financeiras, anunciada recentemente. Segundo fontes envolvidas, o BC identificou inconsistências nos dados compartilhados pelos bancos sobre o perímetro da operação e os ativos incluídos ou excluídos do negócio.
Revisão do perímetro e análise de ativos do negócio
O objetivo do BC é garantir a viabilidade econômica do conglomerado resultante da compra pelo BRB de uma participação no Banco Master, além de buscar uma solução adequada para os ativos que permanecerem fora do grupo. A análise envolve dados financeiros, como valores de ativos, cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e outros aspectos de risco e sustentação do negócio.
Ajustes no perímetro da operação
Na prática, a nova solicitação deve refinar os limites da operação, atualmente avaliados em cerca de R$ 33 bilhões, contra R$ 23 bilhões inicialmente considerados. Uma das preocupações do BC é que quanto maior o perímetro, maior a complexidade e o risco associado, especialmente quando os ativos mantêm características de baixa liquidez, como precatórios e participações em empresas em crise.
Contexto e movimentações recentes entre os bancos
Depois de reuniões recentes com representantes do BRB e do Banco Master, incluindo encontros com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a autarquia enviou o ofício às partes envolvidas. Daniel Vorcaro, presidente do banco privado, e Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, participaram de reuniões nesta semana com diretores do BC, buscando esclarecer as questões levantadas.
Apesar do questionamento, as instituições não se manifestaram oficialmente até o momento. Há cerca de um mês, o BC já havia solicitado esclarecimentos sobre inconsistências na operação de compra de carteira de crédito consignado entre as partes, que envolveu aproximadamente R$ 8 bilhões em créditos.
Perspectivas e riscos envolvidos na operação
O entendimento de fontes próximas às negociações é de que o processo deve ser concluído nas próximas semanas, uma vez que há interesse de todas as partes em buscar uma solução negociada. O Conselho de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a operação, que enfrenta desafios relacionados à liquidez do Banco Master. Diante de problemas de liquidez, o banco vinha adotando estratégias de captação via CDBs com retornos elevados, protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos.
Entretanto, ativos ilíquidos, como precatórios e participações em empresas em dificuldades, podem representar riscos para o sistema financeiro, caso o banco enfrente uma crise. Segundo balanço de 2024, o Banco Master tinha cerca de R$ 12,4 bilhões em CDBs a vencer até o fim do ano, sendo o ativo total de aproximadamente R$ 18,3 bilhões, e uma liquidez do FGC, em junho de 2024, de R$ 107,8 bilhões.
Potencial impacto e estratégia do BRB
O Banco BRB destaca que a operação faz parte de sua estratégia de crescimento, ampliando atuação em câmbio, mercado de capitais e crédito consignado. A aquisição de 58% do Banco Master, composta por ações ordinárias e preferenciais, visa fortalecer sua presença nacional e sua estrutura de governança.
Recentemente, a venda de ativos privados de Vorcaro ao BTG Pactual, no valor de R$ 1,5 bilhão, foi um passo importante para reforçar a liquidez do Master e facilitar a negociação com o BC. Segundo as autoridades, a resolução completa do caso é fundamental para a estabilidade do sistema financeiro.
Próximos passos e expectativas
As partes envolvidas aguardam a conclusão da análise do BC, que pode ocorrer nas próximas semanas. Há uma expectativa de que o processo seja finalizado com ajustes nas informações ou na estrutura da operação, buscando uma solução que minimize riscos e atenda às normas regulatórias. O BC reforça que a resolução completa do caso é imprescindível para assegurar a solidez do sistema financeiro nacional.
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