Recentemente, Ellen DeGeneres afirmou que sua mudança para os arredores de Cheltenham, na Inglaterra, foi motivada pelo governo de Donald Trump e pelo cenário político nos Estados Unidos. A artista explicou que, após as eleições de 2024, decidiu residir na área rural do país, destacando a beleza e a tranquilidade do local.
As razões de Ellen para se mudar e sua visão do Reino Unido
Em entrevista ao BBC durante um evento em Cheltenham, Ellen confirmou que sua saída dos Estados Unidos aconteceu logo após a eleição presidencial, dizendo: “Sim, nos mudamos aqui por causa de Trump”. Ela descreveu a região como “absolutamente linda” e apreciou a qualidade de vida, ressaltando o tratamento aos animais e a cordialidade das pessoas.
“Nós chegamos aqui no dia anterior à eleição e acordamos com muitas mensagens de amigos chorando emojis. Foi um momento marcante”, contou. “Desde então, descobri uma beleza que não conhecia, com vilarejos encantadores e uma arquitetura simples e charmosa”, complementou.
Perspectiva sobre os direitos LGBTQ+ na Inglaterra
No entanto, Ellen também compartilhou preocupações sobre o cenário de direitos LGBTQ+ nos Estados Unidos, citando que o Baptistismo tenta reverter o casamento gay. Ela afirmou que, se isso acontecer, ela e Portia de Rossi planejam se casar na Inglaterra, que ela descreveu como um lugar mais acolhedor nesse aspecto.
A complexidade do Reino Unido atual
Embora a imagem de Ellen seja de um lugar pacífico e progressista, a realidade do Reino Unido é mais complicada. Segundo o relatório da ILGA-Europe, o país ocupa a 22ª posição na lista de direitos LGBTQ+ na Europa, ficando em segundo lugar na classificação dos países ocidentais mais restritivos para esse grupo.
Além disso, questões como reconhecimento de gênero continuam desafiadoras, com decisões judiciais recentes dificultando o direito de mulheres trans serem consideradas legalmente como mulheres, de acordo com análise da ILGA.
Desafios sociais e políticos no Reino Unido
O clima de tensão social também é perceptível. As recentes manifestações anti-imigração tiveram momentos de violência, como protestos que resultaram em confrontos com polícia, além de noticias sobre a proposta de cortes na imigração pelo governo britânico, incluindo restrições no acesso ao visto de trabalho qualificado e aumento dos períodos para residência permanente.
O primeiro-ministro Keir Starmer chegou a afirmar que o Reino Unido corre o risco de se tornar uma “ilha de estranhos”, uma expressão que remete ao discurso de Enoch Powell nos anos 1960, sobre a imigração e a preservação da identidade nacional. Apesar das recentes desculpas de Starmer, o debate sobre imigração e direitos civis continua acirrado.
Reflexões pessoais e o viés do luxo
Para mim, o mais provável é que a narrativa de Ellen seja mais uma expressão de uma experiência privilegiada de alguém com recursos financeiros e uma visão de mundo mais favorável ao estilo de vida europeu. Não há dúvida de que ela desfruta de uma vida mais tranquila, longe do temperamento polarizado dos EUA.
Porém, como britânico, não posso deixar de notar que o Reino Unido enfrenta seus próprios problemas sociais, políticos e de direitos. Sua avaliação de uma “vida melhor” em terras britânicas pode esconder as dores de um país que luta para manter avanços sociais enquanto enfrenta o crescimento de discursos de ódio e intolerância.
Então, embora Ellen aproveite sua nova vida, é importante lembrar que a realidade britânica é multifacetada. O Reino Unido também tem suas batalhas, e nem tudo por aqui é tão perfeito quanto parece na opinião de quem vem de fora.
Para mais detalhes, leia mais em este artigo da BBC.
