O cineasta Ari Aster, conhecido por obras como Hereditary e Midsommar, revelou detalhes sobre o final ambíguo de Eddington, seu quarto longa-metragem. O filme, ambientado em maio de 2020 durante a pandemia de COVID-19 e o movimento Black Lives Matter, apresenta uma narrativa repleta de twists, violência e críticas sociais complexas.
O significado do final de Eddington, revela Ari Aster
Durante entrevista ao TIME, Aster explicou que o desfecho do filme tem como objetivo refletir a sensação de paranoia que permeia a história. “Depois do tiroteio, os personagens deixam de usar telas, que foram essenciais na construção de suas realidades. Isso simboliza que eles estão presos em uma espécie de sonho febril, uma espécie de delírio coletivo”, afirmou.
O diretor destacou ainda que a decisão de eliminar as telas na conclusão foi intencional para reforçar a ideia de que, após todo o caos, a paranoia domina completamente a narrativa. “As telas representam a influência e o controle do mundo digital sobre as percepções, mas ao final, tudo se dissolve, deixando os personagens em uma realidade alterada, possivelmente uma alucinação ou uma manifestação do colapso mental”, completou.
Relação com temas atuais e críticas sociais
O filme retrata um momento em que a desconfiança, as teorias da conspiração e a polarização política atingiram níveis históricos. Aster ressaltou que Eddington busca refletir não apenas o momento pandêmico, mas também as múltiplas realidades que convivem na sociedade contemporânea brasileiros e do mundo. “Cada personagem vive na sua própria bolha, alimentada por telas e pela internet, o que faz do filme uma espécie de espelho dessa nossas próprias paranoias”, declarou.
O impacto da narrativa e as interpretações possíveis
Para Aster, o final aberto de Eddington convida o público a refletir sobre as próprias percepções da realidade. “Não existe uma resposta definitiva sobre o que aconteceu realmente. A ambiguidade é parte do convite ao espectador para questionar a própria compreensão do mundo ao seu redor”, afirmou.
O cineasta concluiu que a força do filme reside justamente na sua capacidade de gerar debate e de desafiar o público a pensar sobre as distorções que vivemos diariamente, principalmente na era digital. “Eddington é um retrato de uma sociedade fragmentada, onde a verdade se dilui entre as telas e os conflitos pessoais se tornam um reflexo das crises coletivas”, finalizou.
Perspectivas futuras
Aster revelou que pretende continuar explorando narrativas carregadas de ambiguidade e crítica social, consolidando seu estilo único no cinema de horror contemporâneo. Ainda sem previsão de novos projetos específicos, ele afirmou que Eddington foi uma experiência que reforçou a importância de refletir sobre o impacto das tecnologias na percepção do real.
Este filme, embora divisivo de modo geral, reafirmou o talento de Ari Aster de criar obras provocativas, capazes de engajar o público em discussões profundas sobre o momento atual.