Desde a reeleição do presidente Donald Trump, muitas corporações americanas, como Amazon, Meta e Target, reduziram seus esforços de diversidade e inclusão, refletindo uma mudança na postura empresarial. O estudo de 2022 revelou que o ano teve o menor número de referências a DEI (diversidade, equidade e inclusão) nas demonstrações financeiras dessas empresas desde 2020.
A tradição do capitalismo de virtude na história dos EUA
Por outro lado, empresas como Apple, Costco e Delta Air Lines continuam comprometidas com iniciativas DEI, apesar de possíveis investigações governamentais ou boicotes de consumidores. Essas organizações fazem parte de uma longa história, muitas vezes controversa, de empresas americanas que expressaram valores sociais no mercado, muitas delas fundamentadas na religião no século XIX e início do século XX.
Fundadores e os princípios de virtude
Essa tradição remonta a empresários como James, John, Wesley e Fletcher Harper. A partir de 1810, os irmãos mudaram-se para Nova York para trabalhar como aprendizes em oficinas gráficas, integrando-se a uma crescente congregação metodista. Em poucos anos, financiaram seu próprio negócio, inicialmente publicando livros para a comunidade metodista, e logo se expandiram para o público em geral.
Na década de 1860, a Harper & Brothers se consolidou como uma poderosa editora. Ainda assim, seus fundadores permaneciam como ‘capitalistas de virtude cristã’, cujo objetivo era produzir bens que promovesse a moralidade na sociedade, operando suas empresas de forma ética e alinhada aos valores metodistas de honestidade, moderação e respeito ao sábado.
A influência da teologia metodista nos negócios
A teologia metodista enfatizava a liberdade de escolha do indivíduo para alcançar a salvação e o ideal de santificação, influenciando as obras publicadas e as práticas empresariais dos Harper. A missão da empresa era criar livros que fomentassem uma sociedade moral e virtuosa, evitando publicar ficções consideradas frívolas na época, e focando em biografias, viagens, ciências, filosofia clássica e teologia.
O impacto na formação do mercado moral
Assim, essa tradição criou um padrão de negócios movidos por valores morais, que buscavam influenciar positivamente a sociedade por meio de seus produtos e práticas. Ao longo de quase dois séculos, o capitalismo de virtude nos EUA refletiu a influência de religiões e valores sociais na formação do mercado e na cultura empresarial.
Hoje, apesar de períodos de retração dessa postura, a história evidencia que empresas com valores sociais e morais continuam a desempenhar papel central na evolução do capitalismo americano, incluindo debates atuais sobre diversidade e inclusão.
Para entender essa trajetória, é fundamental reconhecer que o capitalismo de virtude possui raízes profundas na história dos EUA, moldando a relação entre negócios, moral e sociedade ao longo de dois séculos.