O ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu adotar uma postura cautelosa e evitar aparições públicas enquanto aguarda uma resposta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a possibilidade de conceder entrevistas. Segundo informações de aliados, ele deve se reunir nesta quarta-feira na sede do PL, seu partido, em Brasília, ignorando novos atos programados por parlamentares no Congresso.
Motivo da decisão
A decisão de evitar o Congresso e aparições públicas se dá em um contexto de tensão jurídica e política. Interlocutores afirmam que a medida visa prevenir qualquer interpretação de desrespeito às ordens judiciais emitidas pelo STF. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, comentou a situação, destacando que o ex-presidente buscará se resguardar em sua sede partidária, evitando assim interações diretas que possam ser mal interpretadas. “Ele está indo para o partido, é onde costuma ficar normalmente. Eu vou lá me reunir com ele. Por conta da censura, vai evitar Senado e Câmara”, afirmou o deputado.
Posicionamento da defesa
A defesa de Bolsonaro também corrobora essa linha de conduta. Em uma petição protocolada junto ao STF, os advogados do ex-presidente afirmam que ele optará por manter silêncio até que haja um esclarecimento acerca das determinações do tribunal. Um trecho da petição destaca: “Em sinal de respeito absoluto à decisão da Suprema Corte, o embargante [Bolsonaro] não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado nos presentes embargos”.
Visitas e reuniões na sede do partido
No ambiente mais familiar da sede do PL, Bolsonaro recebeu em casa o filho mais novo, Jair Renan, que esteve em Brasília para visitá-lo. Além dele, estavam programadas reuniões com outros parlamentares alinhados à sua ideologia, criando um espaço seguro para discussões a respeito da política atual e estratégias futuras.
Na terça-feira, ele já havia cancelado uma visita a Câmara dos Deputados, permanecendo em conversas fechadas com aliados. Os senadores Magno Malta e Wellington Fagundes foram alguns dos representantes que compareceram à sede do partido para demonstrar apoio ao ex-presidente, assumindo o papel de porta-vozes em sua ausência.
A vida na sede do PL
A permanência de Bolsonaro na sede do PL também se reflete em suas rotinas diárias, como as refeições. Aliados mencionam que é comum que o partido organize um buffet no local, permitindo que o ex-presidente se mantenha por longos períodos na sede, que se transformou em um ponto de encontro essencial para o núcleo político bolsonarista.
Essa estratégia adotada por Bolsonaro evidencia não apenas um movimento de contenção, mas também uma tentativa de reafirmar sua base de apoio em momentos críticos, enquanto navega por um cenário político conturbado e adversidades jurídicas. A espera pela resposta de Moraes se torna, assim, um momento decisivo para seus próximos passos e a continuidade de sua influência no cenário político do Brasil.
Com o clima tenso em Brasília e a expectativa sobre o que o Supremo decidirá, a postura cautelosa de Bolsonaro parece fazer parte de um plano mais amplo para gerenciar sua imagem e sua estratégia política. O desfecho desta situação pode impactar não apenas sua trajetória, mas também o futuro imediato do PL e da oposição ao governo atual.