Nesta terça-feira (22), o dólar abriu em alta de 0,12%, cotado a R$ 5,5713 às 9h, refletindo a expectativa por novas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, além dos dados econômicos dos Estados Unidos que permanecem no radar dos investidores. O mercado de ações brasileiro, representado pelo Ibovespa, só inicia as negociações às 10h.
Revogação de vistos dos ministros do STF e impacto nas relações Brasil-EUA
As relações entre Brasil e EUA continuam tensas após o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revogar os vistos americanos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, seus aliados e familiares próximos. A medida foi uma resposta às sanções do governo Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e abriu uma investigação por alegadas práticas “comerciais desleais”.
Além de Moraes, também tiveram seus vistos suspensos os ministros Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, bem como o procurador-geral da República, Paulo Gonet, segundo anúncio oficial dos EUA. O governo Trump justificou a medida como parte de uma estratégia de pressão comercial e política contra o Brasil.
Reação do Brasil e cenário econômico interno
Na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou à rádio CBN que o governo brasileiro não pretende sair da mesa de negociações com os EUA. “A orientação do presidente Lula é que não estamos dispostos a aceitar sanções sem diálogo. Seguiremos engajados nas negociações”, afirmou Haddad. Ele também revelou que a equipe econômica está elaborando um plano de contingência para setores que possam ser afetados pelas possíveis tarifas.
Perspectivas das relações internacionais
Por outro lado, a situação internacional é delicada. A União Europeia indicou que um acordo com os EUA parece cada vez mais distante, após recentes propostas divergentes entre os dois blocos em negociações sobre tarifas e comercio exterior. Diplomatas europeus relataram dificuldades na rodada de conversas e anunciaram que serão acionados instrumentos de “anti-coerção”, que podem incluir tarifas de retaliação sobre produtos norte-americanos.
Simultaneamente, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prepara encontro com o presidente chinês Xi Jinping para fortalecer as relações bilaterais, sinalizando uma estratégia de diversificação de alianças comerciais frente ao impasse com os EUA.
Impacto nos indicadores econômicos e projeções futuras
O mercado financeiro acompanha com atenção o movimento do dólar, que acumula queda de 0,41% na semana, alta de 2,41% no mês e recuo de 9,96% no ano. Já o Ibovespa, por sua vez, registra baixa de 0,58% na semana, mas acumula alta de 11,54% no ano, refletindo a volatilidade gerada pelo cenário político e econômico internacional.
Segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, o mercado reduziu a previsão de inflação para 2025 de 5,17% para 5,10%, embora ainda acima do teto de 4,5% estabelecido pela meta oficial. A estimativa de crescimento do PIB para 2025 permanece em 2,23%, com uma ligeira revisão para baixo de 1,89% para 1,88% em 2026. A taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano, deve recuar gradualmente para 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027, demonstrando percepção de permanência de juros elevados diante das pressões internacionais.
Negociações comerciais globais e o cenário internacional
O impasse nas negociações entre EUA e União Europeia, com o pouco avanço nas últimas semanas, preocupa mercados internacionais. Fontes diplomáticas relataram que os Estados Unidos apresentaram propostas divergentes, dificultando o entendimento e aumentando o risco de retaliações tarifárias por parte do bloco europeu, que considera acionar o chamado “instrumento de anti-coerção”.
Nos EUA, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou nesta segunda-feira que o governo Trump está mais preocupado com a qualidade dos acordos comerciais do que com o prazo para sua conclusão, mantendo o prazo de 1º de agosto para implementação de tarifas elevadas.
Fed sob avaliação e cenário na China
Em mais uma manifestação sobre o Federal Reserve, Bessent criticou a atuação da instituição, ressaltando a necessidade de reavaliação e condenando o “alarmismo” em relação às tarifas. Ele se recusou a comentar uma reportagem que indicava aconselhamento a Trump para manter Jerome Powell na presidência do Fed, afirmando que essa decisão é exclusiva do presidente.
Na Ásia, a China manteve suas taxas de juros inalteradas, com a expectativa de que o governo adote novos estímulos diante de uma economia que enfrenta pressão por conta da guerra comercial e de indicadores de demanda interna enfraquecida. Um dos grandes anúncios foi o início das obras da maior usina hidrelétrica do mundo, na região do Tibet, avaliada em US$ 170 bilhões, considerado sinal de estímulo econômico pelo mercado.
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