A Procuradoria da Suíça apresentou nesta quarta-feira (22) uma denúncia criminal contra Sanija Ameti, ex-líder do Partido Liberal Verde de Zurique, após ela postar imagens de si mesma disparando cerca de 20 tiros contra uma reprodução de uma pintura religiosa de Maria e Jesus.
Disparo deliberado contra imagem de Maria e Jesus
Segundo informações da 20 Minuten, Ameti usou uma pistola de ar para atirar contra uma obra de Tommaso del Mazza, intitulada “Madonna com o Menino e o Arcanjo Miguel”, localizada em um leilão online.
Ela teria disparado de uma distância aproximada de 10 metros, mirando especificamente as cabeças de Maria e Jesus, em um ato considerado por muitos como uma provocação religiosa e uma ofensa à fé cristã.
Reações e implicações legais
A denúncia aponta que Ameti, que se identifica como ateia de origem muçulmana, violou o Artigo 261 do Código Penal Suíço, que criminaliza atos públicos de insulto ou zombaria às convicções religiosas de terceiros, incluindo a profanação de objetos religiosos.
Após o episódio, ela publicou fotos da obra profanada no Instagram, com a legenda “abschalten”, termo alemão para “desligar”, interpretado por alguns como uma tentativa de simbolizar a eliminação de elementos religiosos.
O movimento cívico suíço Mass-Voll, que entrou com uma das denúncias iniciais, afirmou que o incidente configura “uma incitação clara à violência contra os cristãos”.
Reação da Igreja e posicionamento de Ameti
Na época, a Conferência Episcopal da Suíça condenou o ato como “inaceitável”, destacando que a ação demonstra “violência e desrespeito à dignidade humana” e causa “profundo sofrimento aos fiéis católicos”.
O bispo de Chur, Joseph Bonnemain, relatou que Ameti enviou uma carta de desculpas pessoalmente a ele e, em resposta, declarou publicamente seu perdão, enfatizando a importância do diálogo e do perdão cristão.
Consequências e desdobramentos
A acusada pode ser condenada a uma multa de 10 mil francos suíços (cerca de US$ 11.500) e a uma multa adicional de 2.500 francos suíços (aproximadamente US$ 2.900), além de custas processuais.
O episódio reacende debates sobre liberdade de expressão, respeito às crenças religiosas e limites do discurso público na Europa, especialmente em tempos de aumento da intolerância religiosa.
Sanija Ameti, que deixou a liderança do Partido Liberal Verde após o incidente e atualmente atua como membro independente na câmara municipal de Zurique, ainda não se manifestou oficialmente sobre a acusação em andamento.
Reação da comunidade e reflexões
Com a denúncia, diversos setores da sociedade suíça criticaram a atitude de Ameti, enquanto outras vozes destacaram a necessidade de proteger a liberdade artística, mesmo em temas sensíveis.
Ainda assim, a maioria dos líderes religiosos e organizações civis reforçam a ideia de que atos de vandalismo ou violência contra símbolos religiosos não podem ser tolerados e devem ser punidos exemplarmente para preservar o respeito mútuo na sociedade.