Com o crescimento da inteligência artificial, debates intensificam-se sobre o seu impacto no mercado de trabalho, especialmente sobre quem será mais afetado — iniciantes ou profissionais mais experientes. Recentemente, Andy Jassy, CEO da Amazon, afirmou que a utilização de IA pela empresa poderá reduzir o quadro total de funcionários nos próximos anos, aumentando o temor de demissões em massa. Essa preocupação ganhou força após a Microsoft anunciar a dispensa de cerca de 9 mil funcionários, o que corresponde a aproximadamente 4% de sua força de trabalho.
Quais profissões estão mais ameaçadas pela IA?
A substituição de trabalhadores de colarinho branco é uma tendência cada vez mais evidente. Segundo especialistas, o impacto será mais forte entre profissionais iniciantes, cuja rotina envolve tarefas mais simples, fáceis de automatizar. Dario Amodei, CEO da empresa de IA Anthropic, estima que metade dos cargos de nível inicial poderá desaparecer nos próximos cinco anos, aumentando o desemprego entre recém-formados—embora essa relação ainda seja objeto de debate.
A visão dos líderes do setor de IA
Por outro lado, lideranças do setor defendem que a IA pode beneficiar trabalhadores mais jovens, enquanto prejudicaria os profissionais mais experientes. Brad Lightcap, da OpenAI, indicou que a tecnologia pode representar um problema para quem está há mais tempo no mercado e realiza tarefas rotineiras, enquanto a IA potencializa a produtividade de profissionais mais capazes de se adaptar às mudanças.
Contradições e evidências do impacto da IA
Dados recentes revelam que setores onde a IA tem maior presença, como tecnologia e atendimento ao cliente, vêm apresentando uma mudança no perfil de trabalhadores. Em áreas relacionadas à computação, o emprego de profissionais com menos de dois anos caiu entre 20% e 25% em 2023, enquanto o número de trabalhadores mais experientes aumentou, segundo Ruyu Chen, da Universidade Stanford.
Estudos de casos internacionais
Pesquisas na Itália, em 2023, mostraram que o uso do ChatGPT para programação favoreceu mais os profissionais intermediários do que os iniciantes, que usaram a IA para acelerar tarefas básicas. Sarah Bana, uma das autoras do estudo, afirmou que a tecnologia torna mais valioso o profissional que já domina uma área, potencializando sua eficiência e, possivelmente, levando à contratação de menos iniciantes.
O valor da experiência e a resistência à mudança
Entretanto, há quem acredite que a IA possa prejudicar trabalhadores qualificados, ao diminuir a necessidade de habilidades humanas tradicionalmente valorizadas. Danielle Li, economista do MIT, destacou que a tecnologia pode tirar a raridade de certas competências, como programação ou elaboração de pareceres jurídicos.
Por outro lado, empresas como Microsoft, Google e Meta já promovem cortes de profissionais experientes desde 2022, justificando o movimento pelo aumento na automação de tarefas administrativas. Gil Luria, analista do banco D.A. Davidson, explica que essas ações também visam proteger os lucros enquanto os investimentos em chips e datacenters de IA crescem.
Estrutura organizacional em transformação
A substituição de trabalhadores experientes por novas formas de automação tem provocado recuperação no setor de contratação de profissionais com maior senioridade, enquanto o número de iniciantes decresce. Assim, as empresas tentam equilibrar custos e produtividade, muitas vezes reduzindo significativamente suas equipes de nível intermediário.
Implicações econômicas e sociais
Especialistas alertam que essas mudanças podem gerar instabilidade econômica e política, sobretudo se aumentarem as demissões em massa. David Furlonger, da Gartner, questiona o que esses profissionais farão, como se sustentarão e qual será o impacto na arrecadação de impostos, indicando a urgência de políticas públicas para lidar com essa nova realidade.
O futuro do trabalho diante da IA
Embora a tecnologia traga benefícios, a dúvida persiste quanto ao seu papel na transformação do mercado de trabalho. Como apontam estudos internacionais, a IA pode elevar a produtividade dos profissionais intermediários, enquanto os mais novos e os mais experientes enfrentam desafios distintos. O cenário exige reflexão sobre adaptação, educação e novas formas de valorizar a experiência humana no mundo digital.
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