O papel de La Sainte-Baume na devoção à Maria Magdalena
Definida pela Igreja como a “Apóstola dos Apóstolos”, Maria Magdalena é reverenciada pela Ordem Dominicana, especialmente como padroeira secundária de sua congregação, fundada em Toulouse, França. A gruta, sob os cuidados do mosteiro dominicano, recebe visitantes de diversos perfis, incluindo católicos, praticantes de outras religiões, turistas e devotos de diferentes origens religiosas.
“O que chama atenção em Maria Magdalena é a variedade de pessoas que ela atrai”, afirmou o Frei Vincent-Thomas Rist, frade dominicano de Toulouse, em entrevista à CNA. “Na La Sainte-Baume, encontramos desde católicos ortodoxos até pessoas que vêm em busca de paz, convertidos do islamismo, tradicionais e liberais, inclusive jesuítas”.
Além das atividades religiosas, os frades promovem retiros espirituais e atividades solidárias, como o “Session des bien-aimés”, voltado às famílias com crianças com Trissomia, e programas de apoio às mulheres que tiveram perdas gestacionais, incluindo abortos espontâneos ou provocados. Também oferecem a “Ecole de vie”, uma formação de alguns meses para jovens que desejam servir, orar e estudar com os frades.
Quem foi Maria Magdalena?
Maria Magdalena, originária de Magdala na Galileia, é uma das figuras femininas mais proeminentes do Novo Testamento. Sua trajetória de conversão, de uma vida considerada de pecado à santidade, é um símbolo de esperança na Igreja Católica.
Segundo a tradição, ela foi muitas vezes identificada com a mulher penitente em Lucas 7 e com a irmã de Marta e Maria, em Bethânia. Sua presença constante na vida de Jesus, demonstrando devoção e fidelidade, reforça sua importância histórica e espiritual para os fiéis.
Histórico da tradição francesa de Maria Magdalena
A presença de Maria Magdalena na França remonta ao século I, de acordo com tradições orais registradas na Idade Média. A narrativa, formalizada no século XIII por Jacobus Voragine, afirma que ela fugiu de perseguições, desembarcou na região da Provença e evangelizou Mar seilles, vivendo na caverna por anos.
Antes de falecer, ela teria recebido a Sagrada Comunhão em Saint-Maximin, onde seu corpo foi posteriormente sepultado. Durante invasões muçulmanas no século VIII, seu túmulo foi ocultado e redescoberto no século XIII, apoiado pelos dominicanos, que assumiram a guarda do local em 1295 com aprovação papal. — página oficial do santuário destaca a conexão entre os relatos históricos e a tradição devocional.

Presença dominicana e a importância histórica
Após sua expulsão durante a Revolução Francesa, a comunidade dominicana retornou ao local em 1859 e restaurou o santuário. Durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial, os frades resistiram, e um deles fundou uma escola para órfãos judeus e cristãos, protegendo vidas dos riscos de deportação.
Hoje, o mosteiro funciona como exemplo de resistência e fé, sendo um ponto de referência para peregrinos, estudiosos e devotos. Relíquias de Maria Magdalena, incluindo partes de seus restos, permanecem guardadas na gruta e na Basílica de Saint-Maximin, onde uma comunidade de freiras vive e acolhe vocações.
“A caverna transmite uma espiritualidade silenciosa e intensa, e de sua altura se tem uma das melhores vistas de Provence”, descreveu Rist. “Quem sobe até lá pode oferecer suas intenções a Maria Magdalena, levando um terço e buscando inspiração na sua história de conversão.”
Perspectivas de fé e viagem espiritual
O local atrai turistas e devotos de várias partes do mundo, especialmente na data comemorativa de 22 de julho, quando ocorre a tradicional procissão com o relicário do crânio de Maria Magdalena pelas ruas de Sainte-Maximine. A visita ao santuário proporciona uma reflexão sobre esperança, perdão e renovação espiritual, garantindo seu destaque entre os roteiros de peregrinação na França.