Felix Brych, um dos árbitros mais respeitados no cenário internacional, compartilhou suas experiências como juiz em partidas de estrelas do futebol mundial, incluindo o famoso Neymar. Em uma entrevista à revista Focus, o ex-árbitro FIFA, que se aposentou recentemente após mais de duas décadas de carreira, oferece um olhar intrigante sobre os desafios de apitar um jogador como Neymar, especialmente em situações onde se suspeitava de simulações em campo.
Neymar: talento e polêmica em campo
Neymar é amplamente reconhecido por suas habilidades excepcionais com a bola, mas também é frequentemente alvo de críticas devido a alegações de que exagera ao sofrer faltas. Para Brych, distinguir entre um toque real e uma simulação não era tarefa fácil. “Era praticamente lendário e, com certeza, não era sem razão. Mas eu já estava habituado a ele”, revelou o árbitro sobre o comportamento do craque brasileiro.
O árbitro explicou que, ao decidir se uma falta deveria ser marcada, ele observava os sinais do jogador no chão. “Quanto mais contorcia a cara de dor, mais eu deixava o jogo seguir. Um futebolista que sofre com dores fortes fica imediatamente no chão, não se revira indefinidamente no gramado”, afirmou Brych, destacando sua abordagem rigorosa nesse aspecto.
O comportamento dos jogadores influenciava a decisão
A interpretação de Brych sobre o jogo também se baseava em como outros jogadores ao redor reagiam a um possível lance de falta. “Muitas vezes interpretava a reação dos que me rodeavam para saber se tinha sido ou não falta. Se olhavam primeiro para mim, não podia ser tão grave. Se a preocupação com o colega de equipe ou a reação ao adversário fosse maior, então as coisas eram diferentes”, explicou.
Além de observar as reações imediatas dos jogadores, Brych também notou que a evolução tecnológica, especialmente a implementação do VAR, revolucionou a arbitragem moderna. “Os futebolistas aperfeiçoaram ao longo do tempo a arte de simular, mas agora é mais difícil”, disse, referindo-se ao impacto que as novas tecnologias tiveram na detecção de simulações em campo.
Encerrando um ciclo com tranquilidade
Aos 49 anos, Brych anunciou sua aposentadoria, encerrando uma carreira impressionante com 858 partidas apitadas, incluindo 359 na Bundesliga e 69 na Liga dos Campeões. Ao falar sobre sua decisão, ele foi honesto: “Foi como uma libertação. Uma libertação após 21 anos de desporto profissional”.
Brych reflete sobre sua trajetória com um sentimento de satisfação. “Deixo para trás um período maravilhoso, que terminou agora com uma decisão consciente. Nos últimos anos, tive de ir até o limite, sempre, e a recuperação tornava-se cada vez mais difícil”, declarou. Agora, ele pode desfrutar de jogos de futebol como espectador, longe da pressão do apito.
Seu testemunho oferece uma visão única sobre a complexidade do futebol profissional, especialmente quando se trata de figuras tão proeminentes como Neymar. As revelações de Brych não apenas trazem à tona os desafios enfrentados pelos árbitros, mas também destacam a importância da interpretação e do julgamento em um jogo repleto de nuances e emoções intensas.
Essa visão do ex-árbitro nos lembra que, por trás das grandes jogadas e das disputas acirradas, existem histórias e experiências que moldam não só o jogo, mas também a vida dos que estão envolvidos nele.