A Coca-Cola anunciou nesta terça-feira (22) que lançará uma versão do refrigerante adoçada com açúcar de cana nos Estados Unidos, após solicitação do presidente Donald Trump na semana anterior. Diferentemente do padrão nos EUA, onde o produto é feito com xarope de milho, a nova fórmula será semelhante à utilizada em países como Brasil, México, Reino Unido e Austrália.
Coca-Cola com açúcar de cana: uma política que pode afetar o mercado americano
Segundo a rede de TV americana NBC, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, afirmou que a empresa também emprega açúcar de cana em suas linhas de chá, limonada, café e Vitamin Water. A nova receita deve chegar ao mercado norte-americano ainda neste outono, de acordo com nota oficial da companhia.
A demanda de Trump e as implicações para o Brasil
O presidente Trump, que frequentemente consome Diet Coke — adoçada com aspartame —, solicitou que a Coca-Cola utilizasse açúcar de verdade em seus produtos para o mercado americano. Em suas redes sociais, ele afirmou na semana passada: “Tenho conversado com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana real na Coca nos Estados Unidos, e eles concordaram em fazer isso”.
Para atender ao pedido de Trump, os especialistas apontam que os EUA precisariam importar açúcar do Brasil, maior produtor mundial, já que o país não é autossuficiente na produção de açúcar. Atualmente, os Estados Unidos consomem cerca de 11 milhões de toneladas de açúcar por ano, produzindo aproximadamente 8 milhões, e importando entre 3 a 5 milhões de toneladas anuais, dependendo da safra, segundo análise de Marcelo Di Bonifacio Filho, analista da StoneX Brasil.
Impacto no mercado brasileiro de açúcar diante da possível mudança nos EUA
Se a Coca-Cola passar a usar açúcar de cana produzida nos EUA, o Brasil pode perder uma importante oportunidade de exportação. O país é a segunda maior fonte de açúcar para os EUA, atrás do México, mas uma tarifa de até 50% vigente para importações brasileiras pode prejudicar essa relação comercial.
Especialistas avaliam que a mudança, impulsionada pelo interesse de Trump, pode fortalecer o consumo interno dos EUA, mas também aumenta o risco de retração nas exportações brasileiras de açúcar, de acordo com as análises do setor agrícola.
Perspectivas para o mercado de açúcar no Brasil
Apesar do cenário global de demanda por açúcar, o governo e os produtores brasileiros permanecem atentos às possíveis perdas financeiras devido às tarifas norte-americanas. O avanço na produção de açúcar de alta qualidade e a busca por novos mercados internacionais se tornam estratégias essenciais para equilibrar os impactos econômicos.
Com a decisão da Coca-Cola, o Brasil poderá fortalecer sua cadeia produtiva, embora precise lidar com desafios comerciais e tarifários no mercado externo.