Na última quinta-feira, o cardeal de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, realizou uma visita pastoral à comunidade de Gaza City, que recentemente sofreu um ataque aéreo israelense. Durante sua estadia de três dias, ele teve a oportunidade de observar as consequências devastadoras do conflito, que deixou a população em uma situação de extrema vulnerabilidade.
Uma realidade marcada por devastação
A visita do cardeal à comunidade ferida foi marcada por imagens impactantes. “Fiquei impressionado com as enormes extensões de tendas que antes não existiam”, relatou Pizzaballa. Ele enfatizou que a ajuda humanitária do Patriarcado de Jerusalém não é exclusiva para os cristãos, mas se estende a toda a comunidade necessitada. “Não somos contra a sociedade israelense e o judaísmo, mas temos o dever moral de expressar nossa crítica à política adotada pelo governo em Gaza”, afirmou.
O ataque recente na paróquia da Sagrada Família deixou três mortos e cerca de quinze feridos. Durante a missa celebrada, o cardeal afirmou: “Vocês não serão esquecidos.” Ele destacou que a comunidade de Gaza está nos corações de todas as Igrejas e de todos os cristãos do mundo. “Farei o possível para parar esta guerra sem sentido”, garantiu.
Condições precárias e força de vontade
O cardeal Pizzaballa descreveu as condições de vida alarmantes que encontrou em Gaza. Com mais de um milhão de pessoas deslocadas e sem abrigos adequados, a maioria enfrenta necessidades básicas, como alimentação e higiene. Ele mencionou ainda a situação crítica vista nos hospitais, onde crianças mutiladas e feridas aguardam atendimento.
“Mesmo diante do cansaço, percebo uma vitalidade e um desejo de mudança nas pessoas, especialmente nas crianças”, refletiu o cardeal. Essa força de vontade, apesar das adversidades, traz um pouco de esperança em meio ao desespero.
Vivendo sob bombardeios
Pizzaballa compartilhou sua experiência ao celebrar uma missa em meio aos sons de bombardeios. Apesar da impressão inicial, ele notou que as pessoas se acostumaram com os estrondos e o cheiro da fumaça. “O ser humano é capaz de se acostumar com tudo”, disse ele, comentando sobre a realidade cruel que os habitantes de Gaza enfrentam diariamente.
Desafios e promessas de auxílio
Durante a visita, uma das preocupações levantadas foi a evacuação ordenada por Israel e o futuro incerto dos sobreviventes. Segundo o cardeal, muitos continuarão em Gaza, ligados às suas raízes. “O Papa foi muito claro: não haverá transferências de populações”, ressaltou. Apesar das dificuldades, Pizzaballa mantém esperança de que a situação possa mudar.
A crítica à política de punição coletiva foi um ponto importante em sua homilia. “Tudo isso é injustificável”, enfatizou, unindo-se à voz do Papa e de outros líderes religiosos que clamam por justiça e paz na região.
Solidariedade sem fronteiras
O cardeal reiterou que sua preocupação vai além das comunidades cristãs. “Desde o início, sempre estivemos ao lado de todos os necessitados em Gaza, independentemente de sua fé”, afirmou. O Patriarcado iniciou diversas iniciativas voltadas para ajudar milhares de muçulmanos, garantindo que a assistência humanitária beneficie todos que dela necessitem.
Hoje, o novo Custódio da Terra Santa assume suas funções, e Pizzaballa expressou votos de sucesso e cooperação nesse desafio notável. A esperança de um futuro melhor para Gaza continua presente, impulsionada pela coragem e resiliência de seu povo.
Na luta constante por paz e dignidade, o apelo do cardeal ressoa: é preciso agir, é preciso lembrar, é preciso ajudar.
