Com o prazo de nove dias para a implementação de um possível tarifaço pelos Estados Unidos, o governo brasileiro mantém negociações e elabora planos de contingência. O ministro Fernando Haddad afirmou à Rádio CBN que o Brasil nunca deixou a mesa de negociações, mesmo diante da incerteza, que já afeta produtores, exportadores, investidores e financiadores, impactando a economia.
Tarifaço: negociações e planos de ação
Haddad destacou que o governo trabalha com diversos cenários para se preparar para a eventualidade de tarifas adicionais, que podem chegar a 50%, conforme sugerido por Trump. Segundo o ministro, há um esforço constante para manter o diálogo com os EUA, mas o Brasil também já traça estratégias de apoio às empresas afetadas, como indicou em entrevista à CBN. As conversas envolvem inclusive planos de apoio financeiro que, apesar de não implicarem necessariamente gastos primários, visam mitigar os prejuízos do setor produtivo.
Impactos econômicos e cenário internacional
Especialistas alertam que o aumento das tarifas pode reduzir o comércio bilateral, afetando setores como o de insumos industriais e alimentos, além de potencializar a inflação. De acordo com o boletim Focus, embora a previsão de inflação apresente uma oitava queda seguida, há preocupações sobre o efeito de um tarifaço prolongado na cadeia produtiva.
O governo brasileiro também prepara alternativas de apoio, que devem ser apresentadas ao presidente esta semana, incluindo possibilidades de apoio financeiro para setores prejudicados. O ministro reforça que tais ações podem ocorrer sem impacto fiscal significativo — uma estratégia inspirada em medidas adotadas pelo Rio Grande do Sul.
Coordenação internacional e negociações do Mercosul
Enquanto negocia com os Estados Unidos, o Brasil também intensifica esforços diplomáticos em outros fronts. Ontem, o governador Geraldo Alckmin discutiu o avanço do acordo do Mercosul com a União Europeia, com previsão de assinatura até dezembro, tentando ampliar o espaço de ações comerciais e diminuir os efeitos de possíveis tarifas americanas.
O cenário de conflito também provoca reflexões sobre os efeitos na cadeia produtiva dos EUA, uma vez que empresas americanas, como a Johanna Foods, já acionaram a Justiça contra as medidas de Trump, alegando que a tarifa viola princípios constitucionais e ameaça sua operação. Além disso, o impacto se estende às relações comerciais intrafirmas, que representam uma fatia expressiva do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
Na política e na economia
Segundo Haddad, o governo dos EUA ainda não autorizou oficialmente a negociação de uma saída para o conflito tarifário, que ameaça prejudicar toda a cadeia de exportações brasileiras para o mercado americano. O ministro também reforçou que o Brasil mantém seu papel de interlocutor na busca por uma solução negociada, evitando que o conflito evolua para uma crise maior.
Além disso, há uma expectativa de que, caso as tarifas sejam elevadas, o custo fiscal seja maior, pois muitas empresas ainda não têm um plano definitivo para enfrentar os possíveis custos extras. A decisão final deve sair até o dia 1º de agosto, momento em que o governo continuará intensificando esforços diplomáticos para evitar o agravamento da situação.
Para acompanhar os desdobramentos, o governo busca manter diálogo aberto com os EUA e explorar caminhos diplomáticos, enquanto se prepara para apoiar o setor produtivo. O esforço é para evitar que a crise tarifária tenha efeitos duradouros na economia brasileira, que permanece vulnerável, mas com possibilidades de reação e negociação.
Fonte: O Globo