Em Kigali, Ruanda, o episcopado africano prepara-se para a 20ª Assembleia Plenária do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), marcada para acontecer de 30 de julho a 4 de agosto. O evento, que visa traçar uma visão comum para o futuro da Igreja no continente, contará com a presença de aproximadamente 250 participantes de 54 países africanos e de suas ilhas, incluindo convidados internacionais. O Cardeal Fridolin Ambongo, presidente do SECAM, enfatizou a urgência em encontrar caminhos de esperança, paz e reconciliação para a África, um continente que enfrenta muitos desafios.
A urgência da paz na África
O tema central da assembleia deste ano é: “Cristo, fonte de esperança, reconciliação e paz“. O Cardeal Ambongo expressou a necessidade premente de abordar os problemas que afligem diversos países africanos, marcados por instabilidade política, terrorismo e conflitos violentos. “Hoje, muitas regiões da África enfrentam uma crise severa. A guerra no leste da República Democrática do Congo e os conflitos no Sudão são exemplos de uma situação que exige nossa atenção”, afirmou o líder religioso.
A assembleia será uma oportunidade crucial para que os bispos africanos reflitam sobre como podem desempenhar um papel ativo em promover a paz e a justiça. Sob a orientação do Espírito Santo, espera-se que eles desenvolvam uma visão compartilhada e estruturada a longo prazo, que não apenas guie seu trabalho pastoral, mas que também ofereça esperança a um povo que enfrenta dificuldades diárias.
Um chamado ao pastorado da esperança
Os líderes religiosos reconhecem o sofrimento humano generalizado que afeta o continente e a responsabilidade que têm de trazer esperança. “Ser pastor no contexto atual da África significa ser uma testemunha credível de esperança, reconciliação e paz”, disse Dom Ambongo, que também destacou o papel da Igreja em cuidar e guiar aqueles que enfrentam desafios socioeconômicos difíceis.
Doze pilares para um futuro melhor
Um dos principais objetivos dessa assembleia é avaliar os avanços desde a última reunião em 2022 e projetar um caminho a seguir para a Igreja na África. De acordo com o Secretariado-Geral do SECAM, eles apresentarão uma visão de longo prazo para 2025-2050, que se organizará em doce pilares fundamentais. Esses pilares incluem a evangelização, a liderança familiar e o envolvimento dos jovens, além de abordagens para questões contemporâneas como a proteção do meio ambiente e a responsabilidade política.
Os bispos também discutirão a forma como a Igreja pode responder a realidades culturais complexas, como a poligamia, e analisarão temas como governança, justiça, paz e diálogo inter-religioso. “Esta assembleia será um momento de reflexão e comunhão”, ressaltou Dom Ambongo, ressaltando a importância da colaboração em resposta aos desafios enfrentados pela sociedade africana.
SECAM: Uma estrutura para a Igreja na África
O SECAM representa o maior encontro da Igreja Católica em África e suas ilhas, realizado a cada três anos. Desde sua fundação em 1969, durante a visita do Papa Paulo VI, o SECAM tem servido como um órgão de coesão e voz moral para o continente. Entre suas várias comissões, destacam-se as voltadas para a Justiça, Paz e Desenvolvimento, bem como a Comissão de Evangelização.
A estrutura do SECAM é composta por oito conferências episcopais regionais, abrangendo diversas sub-regiões africanas. Este arranjo permite uma maior representação e consideração das variadas culturas e realidades enfrentadas pelas comunidades católicas em todo o continente.
À medida que a Assembleia Plenária do SECAM se aproxima, a expectativa de promover um diálogo significativo e soluções eficazes para os desafios que a Igreja e a sociedade africana enfrentam só aumenta. O desejo de ser uma luz de esperança numa época difícil talvez seja a mensagem mais ressonante que emergirá deste importante encontro.
Com um foco renovado em paz e reconcialiação, a reunião em Kigali promete ser um marco crucial para a Igreja Católica na África.