A XV Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada na última sexta-feira, 18 de julho, em Bissau, culminou com a adoção da Declaração de Bissau. O documento reafirma a soberania e a segurança alimentar como prioridades da agenda internacional e da própria organização.
Compromissos reafirmados e nova presidência da CPLP
Durante o encontro, os líderes dos Estados membros comprometeram-se a intensificar o diálogo e a cooperação, reforçando a capacidade de resposta da CPLP frente a desafios emergentes. A cimeira também expressou profunda preocupação com os conflitos e tensões internacionais, que ameaçam a paz e a estabilidade global.
O evento, que teve como lema “A CPLP e a Soberania Alimentar: um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável”, marcou a passagem da presidência rotativa da CPLP de São Tomé e Príncipe para a Guiné-Bissau. O Presidente Umaro Sissoco Embaló assumiu a liderança do bloco lusófono para um mandato de dois anos.

Críticas à situação interna da Guiné-Bissau
Entretanto, a realização da cimeira em Bissau foi alvo de críticas por parte de organizações de defesa dos direitos humanos, partidos da oposição e parlamentares de alguns países membros da CPLP. As preocupações quanto à situação política interna da Guiné-Bissau incluem limitações à liberdade de imprensa, perseguições políticas e práticas autoritárias.
Esse ambiente de tensão refletiu-se nas ausências notadas de vários Chefes de Estado, como os presidentes de Portugal, Brasil, Angola e Guiné Equatorial, além do Primeiro-ministro português. Observadores internacionais interpretaram essas ausências como sinais de desconforto político dentro da comunidade lusófona.
Decisões relevantes e o futuro da CPLP
Ainda assim, a cimeira produziu decisões importantes, como a eleição da nova secretária-executiva da CPLP, a diplomata e ex-ministra angolana Maria de Fátima Jardim, que substituiu o timorense Zacarias da Costa no período de 2025 a 2027.
O presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, indicou como eixos centrais do seu mandato o aprofundamento da cooperação política e democrática, a promoção da integração econômica e empresarial e a valorização do patrimônio cultural e linguístico comum. Na opinião de Embaló, “a CPLP deve ser um exemplo de concertação, cooperação e solidariedade entre os seus nove Estados membros, independentemente das suas diferentes dimensões territoriais”.

Ele também enfatizou que: “As declarações e compromissos assumidos nesta cimeira não são apenas palavras, mas um roteiro para ações concretas.” O presidente guineense destacou que a CPLP será mais forte quando todos os seus membros forem “ouvidos, valorizados e incluídos”.
Na sua intervenção de despedida, o presidente cessante, Carlos Vila Nova, enfatizou os desafios enfrentados durante a presidência são-tomense e os avanços nas áreas da mobilidade, cidadania e solidariedade entre os países de língua portuguesa.

A Declaração de Bissau não indicou o país anfitrião da próxima cimeira, prevista para 2027. Brasil e Guiné Equatorial manifestaram interesse em acolher o próximo encontro de alto nível da CPLP.
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