Em um ato de resistência, centenas de pessoas se reuniram no último sábado em Don Biddle Park, em Dublin, Califórnia, para protestar contra a proposta do governo Trump de reabrir a antiga prisão feminina como um centro de detenção da ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega). A antiga instituição prisional, que guarda uma história obscura marcada por graves abusos, tem sido alvo de críticas intensas por organizações comunitárias e direitos humanos.
Um passado sombriamente conhecido
A antiga Federal Correctional Institution de Dublin foi fechada no ano passado após uma ação coletiva que expôs anos de abusos físicos e sexuais contra as detentas. A ideia de reintegrar esse espaço como um centro de detenção reacendeu feridas profundas na comunidade, levando a um clamor por justiça e segurança para imigrantes e refugiados.
O protesto foi permeado por gritos de “sem ódio, sem medo, imigrantes são bem-vindos aqui”, demonstrando a solidariedade da comunidade com aqueles que enfrentam a opressão e o medo da deportação. “Este lugar já tem um histórico de crimes contra mulheres e crimes sexuais. Ele não deveria ser reaberto como um centro de detenção”, afirmou Elijah Chhum, representante da New Light Wellness.
Conexões com a História
Um elemento importante do protesto foi a presença ativa da comunidade japonesa-americana, que viu na proposta um eco das internizações forçadas durante a Segunda Guerra Mundial. Dave Yoshida, um dos participantes, compartilhou sua preocupação ao relatar que “a detenção de pessoas sem devido processo é um retorno à era sombria dos internamentos.” A comparação com a história recente foi um ponto central dos discursos, enfatizando a necessidade de aprender com o passado para não repetir os mesmos erros.
Lynn Yamashita, cujo pai foi um dos internados, declarou: “Estou aqui porque os japoneses foram internados. Não podemos permitir que isso aconteça novamente. É vergonhoso.” As histórias pessoais dos ativistas trouxeram um tom emocional poderoso à manifestação, unindo vozes de diferentes origens e experiências em uma só canção de resistência.
Reação das autoridades
Embora não haja um cronograma claro sobre quando a reabertura da prisão pode ocorrer, as autoridades da ICE indicaram que estão avaliando todas as opções para atender às necessidades de detenção. O congressista da East Bay, Mark DeSaulnier, garantiu que está pressionando pelas informações necessárias e assegurou que não há planos atuais para reabertura da prisão como um centro para imigrantes. “Estou comprometido em garantir que a FCI Dublin nunca seja reaberta, de nenhuma forma”, declarou o congressista.
Entretanto, a incerteza que envolve as decisões do governo sobre a gestão imigratória deixa muitos ativistas inquietos. “Enquanto o futuro parece nebuloso, muitos de nós continuaremos a levantar nossas vozes e a lutar contra essa injustiça”, asseverou o Dr. Douglas Yoshida. Este sentimento ecoa não apenas entre os protestantes, mas também entre os cidadãos preocupados com o respeito aos direitos humanos e o legado histórico de opressão.
A luta continua
O movimento continua a crescer à medida que mais pessoas se juntam à causa pela dignidade humana, direitos dos imigrantes e justiça social. À medida em que as discussões sobre reforma da imigração e o uso de instalações prisionais se intensificam, os protestantes de Dublin reafirmaram seu compromisso de interromper qualquer progresso em direção à reabertura da prisão e de combater a discriminação de forma mais ampla.
Com a história nos lembrando do que está em jogo, a manifestação contra a reabertura da prisão feminina de Dublin foi muito mais do que um acto de protesto. Foi uma chamada urgente à ação, mostrando que a comunidade não se calará diante do que considera injustiça e opressão. A luta pela defesa dos direitos dos imigrantes e pela memória histórica continua, e a voz do povo se fará ouvir.