Professores de várias idades e regiões têm observado um crescimento preocupante nos sinais de misoginia entre os estudantes masculinos, especialmente nas séries iniciais. Segundo relatos em um post no subreddit de professores, essa tendência está relacionada ao consumo de conteúdos online e à influência de figuras como Andrew Tate, conhecido por disseminar ideias machistas.
Aumento da misoginia no ambiente escolar
De acordo com uma professora de quarta série, ela já percebe comportamentos que indicam desrespeito às mulheres e minimização de sua autoridade. “Eles falam que as mulheres não podem liderar, que não precisam me ouvir porque sou mulher,” relatou. Ela também mencionou a presença de estudantes que seguem influenciadores como Andrew Tate, cujas opiniões machistas têm se disseminado em plataformas como TikTok e YouTube.
Outros professores relataram que, há anos, notaram uma mudança gradual no comportamento dos alunos diante de conteúdos online. Um educador de 46 anos comentou que, na década de 2000, já era possível identificar sinais iniciais de atitudes misóginas, que agora evoluíram para uma postura mais agressiva.
Algoritmos e influência digital na formação dos estudantes
Vários professores apontaram que as redes sociais, em particular plataformas como TikTok e Instagram, reforçam essas atitudes por meio de algoritmos que alimentam conteúdo de extrema direita e misoginia. “O algoritmo está projetado para empurrar conteúdo de alt-right e de ódio às mulheres, o que reforça essas ideias nos adolescentes,” explicou um educador, destacando que a exposição constante intensifica a radicalização online.
Impacto nas primeiras séries e discussões sobre gênero
Professores de séries iniciais também relataram episódios preocupantes, como meninos de segundo grau defendendo que mulheres não deveriam ser presidentes ou votarem, influenciados por comentários machistas propagados pelos colegas. Um educador comentou: “Tenho visto meninos de séries mais novas fazendo afirmações assustadoras, e é uma preocupação real.”
Respostas e estratégias docentes diante do fenômeno
Alguns profissionais relataram estratégias de intervenção precoce, onde procuram dialogar abertamente com os estudantes e estabelecer uma cultura de respeito e igualdade. “Eu já começo a falar contra influenciadores como Tate, chamando-os de estúpidos e explicando como eles se aproveitam das pessoas que não têm informação,” disse um professor. Segundo ele, colocar o exemplo e promover debates é fundamental para combater essas ideias.
Além disso, há uma preocupação quanto à inexistência de modelos positivos na vida desses meninos, o que dificulta a formação de uma visão mais equilibrada de gênero. “Quando não têm uma figura de respeito que eles admirem, é mais fácil caírem nessa armadilha,” afirmou outro docente.
Perspectivas futuras e necessidade de diálogo
Especialistas alertam para o aumento do risco de radicalização digital desde a infância, apontando que a reforço de conteúdos misóginos através de algoritmos causa um efeito de círculo vicioso. Pesquisas indicam que, ao criarem contas em plataformas de vídeo antes dos 17 anos, os jovens são rapidamente expostos a discursos de ódio e extremismo.
Para os educadores, é fundamental promover espaços de discussão e educação em valores de igualdade de gênero. “Precisamos trabalhar desde cedo para desconstruir essas ideias e orientar as crianças a respeitar as diferenças,” reforçou um professor de ensino fundamental.
Este fenômeno exige uma resposta conjunta de escolas, famílias e sociedade. O combate à misoginia, especialmente entre jovens, passa pelo fortalecimento de uma cultura de respeito, diálogo aberto e fiscalização do conteúdo digital acessado pelas crianças e adolescentes.