O cenário político no Brasil se apresenta repleto de nuances, especialmente no Ministério de Minas e Energia, onde o ministro Alexandre Silveira se torna uma figura central em um embate que envolve o governo e o Congresso. Articulando estratégias para consolidar sua posição, Silveira se mostra empenhado em mitigar atritos internos enquanto se aproxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vislumbrando, também, as eleições de 2026.
A pressão do Senado e a busca por articulações
A maior pressão sobre Silveira provém do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Há meses, Alcolumbre tenta influenciar Lula para que o ministro seja substituído. No entanto, analistas no Planalto acreditam que a tensão entre Silveira e Alcolumbre poderá ser reduzida após o governo destravar indicações para as diretorias das agências de Energia Elétrica (Aneel) e Petróleo (ANP). As negociações ocorreram diretamente entre Lula e Alcolumbre, sem a participação de Silveira, o que representa um fator de instabilidade para o ministro.
O acordo para preenchimento das vagas envolveu um “rateio”, onde metade dos cargos será destinada a sugestões do Senado e a outra metade ao governo. As sabatinas estão previstas para agosto, após um longo período de espera desde que Lula enviou as indicações. Embora Silveira e Alcolumbre não tenham se manifestado sobre o assunto, é evidente que os desdobramentos desta negociação terão impacto significativo nas relações entre os dois.
Reaproximação com aliados antigos
Buscando mitigar a tensão, Silveira se esforçou para restabelecer seu relacionamento com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado. Após a recente visita de Lula ao Japão, o ministro procurou Pacheco para tentar suavizar os atritos e fortalecer alianças que possam ser cruciais em sua permanência à frente do ministério. A relação entre eles, que remonta à época em que Silveira atuou como diretor de assuntos jurídicos do Senado, passou por oscilações nos últimos tempos, especialmente desde que Silveira assumiu o cargo de ministro.
Durante a conversa, os dois almoçaram juntos e tentaram “zerar o jogo”, embora Pacheco tenha deixado claro que o problema atual deve ser resolvido diretamente com Alcolumbre. Essa reaproximação, no entanto, ocorre em um cenário onde as queixas sobre a resistência de Silveira em atender pedidos são frequentes, complicando ainda mais sua posição.
Tensões agravadas e cenário futuro
A relação entre Silveira e Alcolumbre se deteriorou ainda mais após o Congresso derrubar vetos do governo relacionados à lei que rege a instalação de equipamentos para energia eólica em alto-mar. Essa decisão tem potencial para aumentar a conta de luz, gerando descontentamento no Planalto. Alcolumbre interpreta que a narrativa de que o Congresso se tornou o “vilão da conta de luz” partiu de Silveira, complicando ainda mais as interações entre os dois.
Ambos, Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, expressaram irritação ao considerarem que o governo tenta reverter ao Congresso a responsabilidade pelo aumento nas tarifas de energia. Contudo, esperam que a nova Medida Provisória do setor elétrico, que estabelece um teto para subsídios que impactam as contas de luz, possa resolver parte dessas tensões. Essa previsão ainda é incerta e muitos acreditam que a relação de Silveira com Alcolumbre pode não se recuperar, independentemente das mudanças na estrutura das agências reguladoras.
A postura de Lula e os desafios no governo
Apesar de Davi Alcolumbre ter tomado a iniciativa para depor Silveira, Lula tem se mostrado firme em sua decisão de não ceder à pressão. Assessores do presidente indicam que tentar forçar a saída de um ministro só reforça a posição dele. Esse padrão foi demonstrado anteriormente com Alexandre Padilha, que só deixou seu cargo após a saída de Arthur Lira da presidência da Câmara.
Dentro do governo, Silveira opera quase que isoladamente, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sendo seu principal aliado nesse embate. Silveira recebeu conselhos de não se envolver em conflitos simultâneos, uma estratégia que parece ser crucial considerando o cenário conturbado em Brasília.
Em suma, o futuro de Alexandre Silveira à frente do Ministério de Minas e Energia depende não apenas de articulações políticas, mas também da capacidade de construir pontes e lidar com as complexas teias da política brasileira nas vésperas das eleições de 2026.