A rede social de vídeos curtos Kwai está testeando uma inovadora ferramenta de inteligência artificial (IA) generativa que cria avatares virtuais de influenciadores para atuar no comércio eletrônico brasileiro. A iniciativa visa ampliar a capacidade de produção de conteúdo, permitindo a venda de produtos e a interação com compradores por meio de sessões contínuas de live streaming. O lançamento oficial da tecnologia está previsto para o segundo semestre de 2024, fazendo parte de uma estratégia de crescimento do Kwai Shop, plataforma de e-commerce da empresa chinesa que debutou no Brasil no final do ano passado.
IA generativa impulsiona o comércio digital no Brasil
A ferramenta, atualmente em fase de testes com criadores de conteúdo como Evelyn Marques e João Kleber, deve oferecer aos lojistas uma solução automatizada para produção de vídeos e imagens dos produtos à venda na plataforma. Batizada de Kwai Shop IA, a ferramenta será paga, embora o preço ainda não tenha sido definido, e deve estar disponível para todos os usuários até o último trimestre de 2024. Segundo Ricky Xu, vice-presidente e chefe da plataforma global e comércio eletrônico da Kuaishou International Business, o uso de IA pode reduzir em até 50% o custo de produção de conteúdo de produto.
Experiência da China e tendência de avatares virtuais no comércio
O movimento reflete a crescente adoção da IA na China, onde o live commerce se consolidou antes mesmo da pandemia. Influenciadores virtuais de IA estão ganhando destaque, e plataformas de e-commerce investem em réplicas digitais para diminuir custos e escalar operações. No mês passado, a CNBC divulgou que um avatar do streamer Luo Yonghao vendeu mais de R$ 40 milhões em apenas seis horas na plataforma da Baidu, superando a performance do influenciador de carne e osso no mesmo período.
Testes e perspectivas no Brasil
No Brasil, a geração de avatares virtuais já é uma realidade em fase experimental na plataforma Kwai Shop, que começou a ser testada oficialmente em 2023. A meta da empresa é dobrar o volume de vendas no próximo ano, apesar de o live commerce ainda apresentar uma carteira de usuários menor e uma propagação mais lenta no país, em comparação com a China. Ricky Xu destaca que, no Brasil, fatores culturais, como maior cautela na compra online e preocupação com custos e prazos logísticos, influenciam o ritmo de adoção.
Desafios culturais e logísticos no Brasil
Xu explica que, ao contrário da China, onde transmissões ao vivo fazem parte da cultura digital há anos, o Brasil ainda está em fase de adaptação. “A cultura de gorjetas online e transmissões ao vivo como forma de comércio digital ainda não está totalmente consolidada, mas cresce aos poucos com eventos e promoções”, afirmou em visita ao país. A preocupação com a segurança também é maior, levando a uma maior necessidade de informações detalhadas e confiança na plataforma.
Impactos e próximos passos
A estratégia da Kwai inclui ainda o lançamento de uma ferramenta de IA para criação automática de vídeos dos produtos, que será acessível via portal próprio e cobrada à parte. Segundo Xu, essa solução pode reduzir em até 50% os custos de produção de conteúdo, além de responder por cerca de 10% a 15% da receita publicitária da empresa na China. A iniciativa ocorre pouco tempo após o TikTok anunciar sua entrada oficial no mercado de e-commerce brasileiro, intensificando a disputa no segmento.
Por ora, a Kwai aposta na inovação tecnológica para ampliar sua participação no e-commerce nacional, enfrentando desafios culturais e logísticos enquanto busca consolidar o live commerce como uma prática comum entre os consumidores brasileiros. As próximas semanas serão decisivas para a implementação definitiva das novas ferramentas e sua aceitação pelo público.
Fonte: O Globo