Fartura do Piauí, um pequeno município do extremo sul do estado, a 592 km de Teresina, está enfrentando uma das piores secas de sua história. Sem chuvas desde 2024 e com mananciais completamente secos, a população local depende exclusivamente do abastecimento por meio de caminhões-pipa. A grave situação hídrica evidencia a necessidade urgente de soluções que garantam o fornecimento de água potável à comunidade.
Alternativas para garantir água potável
De acordo com o prefeito Orlando Costa (PT), o poder público vem buscando alternativas há anos para enfrentar essa situação. Uma das principais estratégias é a instalação de um ramal na adutora do Povoado Tapajós, que está localizado a cerca de 20 km de Fartura, na Bahia. O projeto visa transportar água do rio São Francisco até o município piauiense.
A adutora é gerida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), e após uma articulação entre os governos do Piauí e da Bahia, foi conseguida a autorização do governador baiano, Jerônimo Rodrigues, para a construção do ramal. O prefeito ressaltou:
“Estivemos com o governador da Bahia e conseguimos a autorização para levar um ramal dessa adutora até Fartura do Piauí. Agora, vamos elaborar o projeto e buscar recursos junto ao Ministério da Integração.”
O Governo do Piauí já está ciente da articulação e se comprometeu a oferecer apoio técnico e financeiro para a execução do projeto.
Abastecimento emergencial e seus desafios
Enquanto a obra da adutora não é concretizada, a cidade está dependendo de cinco caminhões-pipa enviados pela Defesa Civil Estadual, além de uma carreta com 30 mil litros de água, que é enviada diariamente pela empresa Águas do Piauí. Na zona rural, o abastecimento é feito por carros-pipa contratados com recursos federais e operados pelo Exército Brasileiro.
O prefeito Orlando Costa alertou para a qualidade da água disponível na região:
“A água dos poços tubulares aqui é imprópria para consumo humano. Só serve para lavar roupa, tomar banho ou dar aos animais.” Ele destacou que cerca de 2 mil pessoas na zona urbana e mais de 3 mil na zona rural estão diretamente afetadas pela escassez de água potável.
Ações emergenciais e capacitação
Conforme informado por Bruna Alcântara, técnica da Diretoria de Resposta da Defesa Civil Estadual, as ações de apoio aos municípios afetados pela seca estão sendo intensificadas. Entre as principais medidas abordadas estão a Operação Carro-Pipa Estadual, que realiza a distribuição emergencial de água potável para comunidades em colapso, além de ajuda humanitária para entrega de cestas básicas.
Outra iniciativa importante é o projeto Capacita+, que visa capacitar coordenadores municipais de Defesa Civil em diversos municípios do Piauí. Bruna explicou:
“As capacitações têm como objetivo orientar os gestores locais sobre como solicitar o Reconhecimento Federal de Situação de Emergência, acessar recursos para ações de assistência humanitária, e solicitar a Operação Carro-Pipa Federal, que é executada pelo Exército Brasileiro.”
Pressão por políticas públicas efetivas
O cenário vivido em Fartura do Piauí reflete a urgência da implementação de políticas públicas efetivas para combater a estiagem que afeta não apenas o município, mas diversas localidades do estado. Prefeitos e autoridades locais têm cobrado ações mais imediatas e recursos para enfrentar a crise hídrica que se agrava a cada dia, enquanto a população espera por soluções que garantam a sobrevivência e a dignidade no acesso à água potável.
A busca por soluções para o colapso hídrico em Fartura do Piauí é um reflexo da luta constante dos municípios do Nordeste brasileiro que enfrentam a seca. A união entre os governos e a mobilização da sociedade são fundamentais para mitigar os impactos de um dos maiores desafios impostos pelas mudanças climáticas na região.
Este artigo destaca a situação crítica em Fartura do Piauí, ressaltando a importância da água como direito humano fundamental e a necessidade de ações urgentes para garantir o abastecimento e a qualidade de vida dos cidadãos.
