A CNN revelou nesta quinta-feira que a CBS decidiu cancelar o “The Late Show”, programa comandado por Stephen Colbert, uma decisão que reacendeu discussões sobre uma piada feita pelo apresentador acerca da Paramount Global e seu acordo judicial com Donald Trump.
Colbert critica a Paramount pela liquidação do caso com Trump
Durante seu monólogo na última segunda-feira, Colbert compartilhou uma clip de sua fala em que criticou duramente a Paramount por ter aceitado um acordo de US$ 16 milhões com Trump, após o ex-presidente alegar que uma entrevista do “60 Minutes” com Kamala Harris foi editada de forma a favorecer sua campanha presidencial.
O apresentador afirmou: “Como alguém que sempre foi orgulhoso funcionário desta rede, fico ofendido. Não sei se algo — ou alguém — vai restaurar minha confiança nesta empresa. Mas, só de arriscar, diria que US$ 16 milhões ajudariam”. Ele ainda ironizou o valor, dizendo que a Paramount tinha colocado um preço na sua dignidade, chamando o acordo de um “grande e gordo suborno”.
Reação de políticos e impacto no setor
Essa crítica pública teve eco na política. A senadora Elizabeth Warren (D-Mass.) compartilhou um trecho do monólogo de Colbert em suas redes sociais, reforçando o incômodo com a postura da Paramount.
Na época, outros políticos, como o senador Bernie Sanders, enviaram uma carta à presidente do conselho da Paramount, Shari Redstone, alertando contra uma decisão que poderia estabelecer um perigoso precedente para o setor de mídia. Sanders chegou a comentar que o possível acordo poderia ser o “último programa” de Colbert, caso a prática se torne comum.
O possível motivo para o fim do programa
Especula-se que o cancelamento do “The Late Show” possa estar relacionado às críticas de Colbert à decisão da Paramount de aceitar o pagamento, especialmente num momento em que a empresa tenta aprovar uma fusão com a Skydance Media.
A fusão, avaliada em bilhões de dólares, depende da aprovação do governo Trump, cujo desfecho ainda é incerto, dada a turbulência política atual. Segundo fontes internas, a postura de Colbert teria “criado um ambiente delicado” dentro da CBS, ampliando boatos de que sua expressão de opinião poderia ter influenciado a decisão de encerrar o programa.
Repercussões e futuro do humor político
A saída de Colbert, conhecido por seu humor ácido e crítico ao ex-presidente, levanta questões sobre o limite da liberdade de expressão na televisão americana e os riscos de críticas ferrenhas ao setor corporativo de mídia.
Especialistas afirmam que o episódio evidencia uma crescente tensão entre o humor político e interesses econômicos de grandes conglomerados, um fenômeno que pode influenciar o cenário da televisão aberta nos próximos anos.
A CNN lembra que a própria Andrea Mitchell, analista experiente, destacou que “a liberdade de crítica pode estar sendo sacrificada em nome de parcerias e negócios milionários”, o que reforça o interesse público na transparência dessas decisões.
Por ora, o que se sabe é que a decisão final da CBS impactou não apenas os fãs do programa, mas também o debate sobre até onde os veículos podem ou devem se permitir criticar seus próprios parceiros comerciais.