Na última semana, o cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, enviou uma mensagem ao patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, na qual expressa sua indignação e dor diante da situação devastadora vivida em Gaza. Segundo Gugerotti, a violência que devastou a região, e especialmente o ataque à Igreja Católica da Sagrada Família, evidencia a desumanidade da guerra e a perda de direitos fundamentais, como o direito de asilo.
A tragédia em Gaza
As notícias de Gaza são alarmantes. A população, que já convivia com a escassez e o desespero, agora se vê sob bombardeios incessantes. No último sábado, 19 de julho, cerca de 40 pessoas perderam a vida enquanto tentavam acessar um centro de ajuda humanitária para garantir ao menos um pão. Este cenário de caos resulta em um número crescente de vítimas fatais, incluindo crianças, idosos e doentes, que não conseguem escapar da violência brutal.
Gugerotti denuncia que “as armas mortíferas não fazem distinção”, o que revela a gravidade da situação humanitária e o sofrimento do povo palestino. Em sua mensagem, ele lamenta a “vergonha de não ser capaz de pôr fim a essa barbárie” e critica a apatia global diante da tragédia que se desdobra à vista de todos. A inação é um ato de conivência, segundo o cardeal, que preocupa-se com a falta de resposta efetiva da comunidade internacional.
O ataque à Igreja da Sagrada Família
Um dos episódios que chocou a todos foi o ataque aéreo que atingiu a paróquia da Sagrada Família em Gaza. O cardeal Gugerotti descreveu este ato como “desumano”, uma violação clara do antigo direito de asilo, que deveria proteger todos os que buscam refúgio de conflitos. A paróquia abrigava centenas de pessoas em busca de segurança e abrigo, e o ataque resultou em mortes e ferimentos.
Gugerotti questiona se o ataque foi “deliberado e planejado”, apontando a necessidade urgente de investigação sobre a responsabilidade das ações militares. Ele manifesta solidariedade ao pároco da paróquia, Pe. Gabriel Romanelli, que, apesar das circunstâncias adversas, continua a acolher e oferecer proteção àqueles que o procuram desesperadamente.
Um apelo à humanidade
A mensagem do cardeal é um clamor à consciência coletiva. Ele agradece ao Patriarca Pizzaballa e à comunidade cristã da Terra Santa pelo “testemunho de humanidade e fraternidade” em meio ao desespero. Onde muitos veem apenas destruição, esses líderes religiosos veem uma oportunidade de mostrar compaixão e apoio aos “abandonados à beira da estrada desta história humana comum”.
Em suas palavras finais, Gugerotti invoca a presença de Deus em meio à calamidade e pede para que “Deus irrompa entre essa multidão de surdos e cegos” que, ao ouvir apenas o barulho das armas, ignoram o clamor dos necessitados. Ele exorta a todos a despertarem do “sono” da indiferença, pois o verdadeiro chamado da humanidade está em defender aqueles que não têm voz.
Enquanto a comunidade internacional continua a debater respostas e soluções, a mensagem do cardeal Gugerotti é um lembrete de que a solidariedade e a justiça não podem ser ignoradas, especialmente em tempos de crise extrema. A paz em Gaza não é apenas um sonho distante, mas um dever de humanidade que todos devemos buscar.
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