Brasil, 21 de julho de 2025
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AGU solicita investigação sobre possíveis operações de insider trading relacionadas ao tarifaço de Trump

A Advocacia-Geral da União pediu ao STF apuração de movimentos suspeitos no mercado cambial brasileiro antes do tarifaço de 50% anunciado pelos EUA, com ligação ao presidente Trump.

A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação sobre possíveis operações de insider trading no mercado de câmbio do Brasil, envolvendo informações privilegiadas relacionadas ao anúncio do tarifaço de 50% pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A medida, ameaçada pelo presidente Donald Trump, deve entrar em vigor em agosto.

Suspeitas de movimentações atípicas e investigação judicial

A solicitação da AGU, conduzida pelo ministro Jorge Messias, baseia-se em uma reportagem do Jornal Nacional que apontou indícios de movimentações bilionárias atípicas na compra e venda de dólares, ocorridas no dia 9 de julho, pouco antes do anúncio oficial das tarifas. Segundo o órgão, essas operações podem configurar o crime de insider trading, ou uso de informação privilegiada.

A análise aponta que grande parte do volume de negociações no mercado de câmbio, que movimenta cerca de 4 bilhões de dólares por dia, poderia ter sido influenciada por operações realizadas com base em informações antecipadas. Além disso, há sinais de que investidores tenham se posicionado contra o real, em expectativa de desvalorização, no mesmo período.

Contexto internacional e estratégias de mercado

Analistas de mercado destacam a dificuldade de comprovar a existência de informações privilegiadas devido à elevada liquidez e complexidade do mercado cambial brasileiro. Pesquisadores, como Pedro Tremacoldi-Rossi, professor da Universidade de Columbia, ressaltam que a atuação de um único operador que movimente grande volume de dólares é pouco comum e difícil de rastrear, sobretudo de forma conclusiva.

O cenário político internacional também influencia, uma vez que Trump já vinha sinalizando medidas contra o Brasil nesses dias, e políticos brasileiros, como o deputado Eduardo Bolsonaro, estavam atuando nos EUA em busca de apoio às suas ações contra o STF, o que aumenta o nível de suspeitas.

Desafios na comprovação de insider trading

Segundo especialistas, rastrear operações suspeitas exige cruzamento de dados do mercado financeiro e cooperação internacional, especialmente se as movimentações ocorreram fora do país. Organização de atividades de insider trading geralmente envolve operações silenciosas e em escala menor para evitar detecção, o que dificulta a comprovação da origem da informação privilegiada.

Dados indicam que, apesar do monitoramento contínuo pelo Banco Central, CVM, Receita Federal e Coaf, identificar quem se beneficiou de informações reservadas em operações de câmbio ainda representa um grande desafio técnico e jurídico.

Perspectivas e avaliação de risco

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, avalia que há uma possibilidade de ocorrência de insider trading, dada a volatilidade no mercado de câmbio e o volume de negociações na data em questão. Porém, o especialista alerta que a alta escala do mercado de dólar e a quantidade de traders tornam improvável que uma operação isolada consiga impactar de forma definitiva o valor da moeda.

Por outro lado, o professor de Columbia aponta que movimentos suspeitos em paralelo ao anúncio oficial, acompanhados de picos de negociação nos ativos brasileiros como o EWZ e ADRs da Embraer, indicam que estratégias de curto prazo podem ter sido adotadas por investidores com acesso a informações privilegiadas.

Próximas etapas e controle institucional

O presidente do Cenapret, Mary Elbe Queiroz, reforça que, devido à existência de acordos internacionais, o rastreamento das operações é viável, embora a prova do uso de informações privilegiadas exija provas concretas. A força-tarefa envolvendo CVM, Receita Federal, Banco Central e órgãos internacionais deverá aprofundar as investigações, caso suspeitas se confirmem.

Apesar do potencial ilegal, a complexidade de comprovar o insider trading no mercado de câmbio é significativa. Ainda assim, com o avanço das análises e cooperação institucional, há chances de identificar responsáveis e evitar futuras manipulações.

Para mais informações, acesse a matéria completa no Source link.

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