O estado do Piauí enfrenta uma realidade alarmante em relação à proteção de suas crianças e adolescentes. Nos primeiros meses de 2025, foram registrados 463 casos de estupro de vulnerável, conforme dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-PI). Isso representa uma média de pelo menos dois boletins de ocorrência por dia, refletindo a urgência de ações efetivas para combater a violência sexual contra os menores.
Aumento nos registros de crimes contra crianças
De janeiro a julho deste ano, o total de 11.369 crimes contra crianças com idade igual ou inferior a 14 anos foram formalmente contabilizados. O número é 24% superior ao registrado em 2024, quando 9.138 denúncias foram feitas. Esses dados preocupantes foram destacados pela titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Rosa Chaib, que ressaltou a necessidade de atenção a casos de violência física, psicológica e maus-tratos, que muitas vezes estão interligados aos abusos sexuais.
Obstáculos para a denúncia
A delegada Rosa Chaib alerta que o crime de estupro de vulnerável é frequentemente ocultado. Em muitos casos, a vítima não se dá conta do que ocorreu, ou sente medo de denunciar o agressor. O conselheiro tutelar Ivan Cabral, que trabalha na Zona Leste de Teresina, reforçou que fatores como medo, vergonha e desinformação frequentemente impedem que os casos de abuso cheguem à rede de proteção.
“Nem todas as ocorrências são comunicadas, o que acaba dificultando o trabalho das autoridades e a proteção das vítimas”, comentou Cabral. Ele enfatizou a importância de se registrar um boletim de ocorrência assim que um caso de abuso for identificado, uma vez que esse é o primeiro passo para que investigações possam ser iniciadas e medidas pertinentes, como a prisão do agressor, possam ser tomadas.
Como identificar abusos
Ivan Cabral também compartilhou orientações sobre como identificar sinais de abuso. Ele recomenda que pais e responsáveis estejam atentos a mudanças no comportamento das crianças, como autolesões, hematomas, infecções urinárias recorrentes, infecções sexualmente transmissíveis, distúrbios alimentares e do sono, além de atitudes sexuais inadequadas à faixa etária da criança.
“A observação é crucial. Mudanças comportamentais podem ser um indicativo de que algo está errado”, alertou Cabral, ressaltando que ações de prevenção e conscientização são fundamentais para combater a violência sexual.”
Como denunciar
As autoridades do Piauí reforçam a importância da denúncia. Situações de abuso e exploração podem ser reportadas através do telefone 180, pelo Disque 100, ou diretamente nos órgãos de proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. Além disso, em caso de flagrante, a Polícia Militar pode ser acionada pelo número 190.
O Conselho Tutelar atua como um órgão de proteção vital, garantindo os direitos das vítimas de abuso sexual. Ivan Cabral concluiu destacando: “É imprescindível que toda a sociedade se mobilize contra essa violência, cada um de nós pode ser um agente de mudança na vida dessas crianças.”
Conclusão
Os números alarmantes de abuso sexual de vulneráveis no Piauí indicam uma crise que demanda atenção imediata e ação conjunta entre sociedade civil e autoridades. Promover a educação, a conscientização e a responsabilização dos agressores é essencial para que possamos proteger as nossas crianças e adolescentes. A prioridade deve ser sempre a segurança e o bem-estar dos menores, para que possam crescer em um ambiente seguro e saudável.
Se você suspeita de algum caso de abuso ou violência, não hesite em agir. A denúncia é essencial para que a justiça seja feita e que as crianças recebam a proteção que merecem.
