A agência de notícias vaticana Fides divulgou que nove pessoas foram condenadas a 20 anos de prisão pelo assassinato do padre Donald Martin Ye Naing Win, de 44 anos, na Myanmar. A sentença foi emitida por um tribunal ligado ao Ministério da Justiça do Governo de Unidade Nacional (NUG), que lidera a oposição ao regime militar no exílio.
Autoridades condenam massacre em meio à guerra civil
O padre foi morto em 14 de fevereiro na igreja Nossa Senhora de Lourdes, na região de Sagaing. Segundo as investigações, os condenados eram membros de grupos armados locais ligados à Força de Defesa do Povo (PDF), resistência que controla áreas sob domínio dos militares birmaneses desde o golpe de 2021.
A PDF é uma força de resistência que responde ao NUG — composto por parlamentares depostos após o levante militar — mas, muitas vezes, suas unidades operam sem coordenação completa. Segundo informações de Fides, os motivos do crime permanecem obscuros, e a justiça ainda busca esclarecimentos.
O padre Donald era conhecido por seu compromisso com a comunidade e a educação de crianças afetadas pela guerra. “Ele era um homem de Deus, dedicado ao povo, uma pessoa boa e sincera que não tinha inimigos”, afirmou o padre John, de Mandalay. A comunidade católica local ficou moderadamente satisfeita com a sentença, embora ainda espere por mais esclarecimentos e justiça plena, conforme explicou o sacerdote.
A guerra civil na Myanmar
A Myanmar, anteriormente chamada Birmânia, vive uma prolongada crise desde o golpe militar de fevereiro de 2021 que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi. A repressão militar resultou em milhares de mortos, detenção de dezenas de milhares de civis e destruição de infraestrutura civil.
Dentre os ataques recentes, destaca-se o bombardeio na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Mindat, estado de Chin, ocorrido em 6 de fevereiro, em uma região de maioria cristã.Mais detalhes.
Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Prensa, parceira de notícias de CNA, e foi traduzida e adaptada pela CNA.