No último fim de semana, líderes de alto escalão da Igreja Católica estiveram em Gaza após um ataque com um projétil israelense que atingiu a única igreja católica da região. O ataque, que ocorreu na quinta-feira, deixou três mortos e dez feridos, entre os quais estava o padre que tinha uma amizade próxima com o falecido Papa Francisco.
A agressão provocou uma onda de condenações internacionais, incluindo uma declaração de lamentação do Papa e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O governo israelense, que se desculpou pelo ataque e afirmou que se tratou de um acidente, já tinha intensificado os ataques em Gaza desde o término de um cessar-fogo em março. Os últimos bombardeios resultaram em 18 mortes em uma única noite, segundo relatórios de autoridades de saúde locais.
Líderes da Igreja organizam ajuda e evacuações
A delegação religiosa, que incluiu o Patriarca latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, e o Patriarca grego ortodoxo, Theophilos III, manifestou solidariedade em relação à situação trágica do povo palestino. Esta visita, que é considerada rara devido às severas restrições que Israel impôs à entrada em Gaza desde o início do conflito, teve como objetivo reforçar a “solicitude pastoral compartilhada das Igrejas da Terra Santa”.
Os líderes religiosos visitaram a Igreja da Sagrada Família, que foi danificada pelo bombardeio. Durante a visita, ficaram encarregados de organizar a entrega de mais de 200 toneladas de alimentos, suprimentos médicos e outros itens essenciais para a população local, que, segundo especialistas, está à beira da fome, em decorrência do conflito e das ofensivas militares israelenses.
Em uma chamada com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o Papa renovou seu apelo por negociações para encerrar a guerra de 21 meses e expressou sua preocupação com a situação humanitária em Gaza, que tem como principais vítimas as crianças, idosos e doentes. Netanyahu expressou seus pêsames pelas vítimas do ataque à igreja e declarou que o exército israelense está investigando o incidente.
“Estamos impossibilitados de retirá-los, nem mesmo em pequenos pedaços”
Os ataques israelenses frequentemente atingem escolas, abrigos e hospitais. Autoridades de saúde locais relataram que tal violência tem causado um clima de total insegurança na região, exacerbado pelos últimos bombardeios em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Na madrugada de sexta-feira, mais 18 palestinos perderam a vida, incluindo quatro membros da mesma família em um ataque na cidade de Khan Younis.
Imagens da Associated Press mostram o desespero dos moradores que buscavam por corpos entre os escombros, enquanto uma mãe chorava a morte de sua filha, também vítima de um ataque às posições civis. Desde o início do conflito, aproximadamente 18.000 crianças palestinas foram mortas conforme relatórios do Ministério da Saúde de Gaza.
O exército israelense declarou que suas operações visam desmantelar a capacidade militar do Hamas e que são tomadas precauções para mitigar os danos aos civis, embora os números sugiram o contrário.
Mais três mortos ao buscar ajuda
Outra tragédia foi registrada quando três pessoas foram mortas enquanto tentavam chegar a um local de ajuda da Gaza Humanitarian Foundation, uma entidade apoiada por Israel. Testemunhas afirmaram que não houve violência durante a distribuição de aid e que as multidões estavam sob controle. Contudo, desde que as operações começaram, muitos palestinos têm sido mortos por soldados israelenses, principalmente ao tentarem chegar aos pontos de ajuda.
O ataque do Hamas ao sul de Israel resultou em aproximadamente 1.200 mortes, principalmente entre civis, e na captura de 251 pessoas, muitas delas já liberadas em acordos de cessar-fogo. Até agora, mais de 58.600 palestinos foram mortos na retaliação israelense, com mais da metade das vítimas sendo mulheres e crianças, segundo o mesmo Ministério da Saúde, que, embora sob controle do Hamas, é composto por profissionais médicos. As Nações Unidas e outras organizações internacionais consideram os números fornecidos por esse ministério como a contagem mais confiável das vítimas da guerra.
À medida que a situação em Gaza continua a se agravar, a necessidade urgente de ajuda humanitária e soluções pacíficas se torna cada vez mais premente. Líderes religiosos e políticos, como o Papa, fazem apelos pela paz e pela preservação da vida, enquanto os civis permanecem no centro do conflito devastador.