Brasil, 18 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Henrique Meirelles reconhece eficiência do Pix e comenta impacto da investigação dos EUA

Ex-presidente do Banco Central vê no Pix uma ferramenta mais eficiente que o sistema de pagamento americano, enquanto analisa as motivações da investigação dos EUA.

Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, afirmou que a inclusão do Pix na lista de pontos de investigação pelo governo dos Estados Unidos reflete a sua eficácia e competitividade. Em entrevista à BBC News Brasil, ele destacou que o sistema brasileiro de pagamento é “rápido e eficiente”, considerado melhor do que o americano.

Pix, o sistema de pagamento brasileiro, é alvo de investigação dos EUA

Na semana passada, o governo americano anunciou uma investigação comercial contra o Brasil, após a imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. Entre as alegações, estão possíveis irregularidades na adoção do Pix, criado pelo Banco Central em novembro de 2020, durante o governo Michel Temer. Segundo Meirelles, a questão central é que a ferramenta brasileira oferece uma competição direta às gigantes de tecnologia como Google, Apple e Meta.

“O Pix é mais eficiente, não há dúvidas”, afirma o ex-ministro e ex-secretário da Fazenda de São Paulo, destacando que o sistema brasileiro supera o mercado de pagamento dos Estados Unidos. Para ele, a motivação dos EUA está na competitividade do Pix frente às Big Techs, que dominam os métodos de pagamento tradicionais no país.

Motivações políticas e econômicas por trás da investigação

Segundo Henrique Meirelles, as alegações dos Estados Unidos de que o Brasil atua de forma desleal ao beneficiar países como México e Índia com tarifas menores não fazem sentido. “O Brasil faz taxações generalizadas para proteger mercados específicos, sem benefício particular para alguns países”, avalia.

Ele também defende que o governo brasileiro negocie a revisão da tarifa de 50% anunciada por Trump e, se necessário, abra espaço para reduzir tarifas atuais contra os EUA. “Trump gosta de negociar, toma riscos, então o Brasil precisa estar disposto a ceder em certos pontos”, afirma.

Resistência às imposições do governo americano

Para Meirelles, as questões relacionadas ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre responsabilização de redes sociais por conteúdo ilegal representam pontos “inegociáveis”. “Decisões judiciais não se negociam”, reforça.

Apesar disso, ele não descarta retaliações como aumento de tarifas brasileiras, caso as negociações não avancem. “Precisa analisar com cuidado, e isso não deve ser uma medida para todos os setores”, recomenda.

Estratégias para fortalecer a economia brasileira

Henrique Meirelles reforça a importância de diversificar os mercados de exportação, especialmente fortalecendo laços com a China e a Europa. “O Brasil não tem conflito com a China, e podemos ampliar os negócios com os países asiáticos e europeus”, diz.

Sobre a investigação do governo americano, ele explica que o alvo do Pix está relacionado à sua eficiência: “Ele favorece transações financeiras de forma mais ágil. A justificativa de Trump é que isso prejudica companhias americanas que oferecem sistemas de pagamento tradicional, como Apple Pay e Google Pay.”

Desafios e perspectivas futuras

Meirelles avalia que a política de tarifas elevadas dos EUA impacta o comércio, mas também pode favorecer o Brasil por reduzir a demanda global por produtos americanos, ajudando a conter a inflação interna. “Se retaliarmos com tarifas, é preciso cautela, e talvez seja melhor focar na abertura de novos mercados.”

Sobre possíveis melhorias na relação com os EUA, ele acredita que uma postura negociadora, com cediças pontuais, pode trazer resultados positivos. “Donald Trump gosta de negociar, então o Brasil deve estar preparado para ceder em alguns pontos, mas sem abrir mão de pontos inegociáveis.”

Henrique Meirelles também destacou a estratégia de fortalecer a relação comercial com países asiáticos, principalmente a China, e com a Europa, ainda que existam resistências em alguns setores agrícolas.

Leia mais sobre as declarações de Henrique Meirelles no site do G1.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes