A renda total das favelas brasileiras alcança R$ 300 bilhões por ano, valor superior ao de 22 estados do país e ao PIB de países como Paraguai e Bolívia, segundo dados do Instituto Data Favela divulgados nesta sexta-feira (18). A pesquisa entrevistou 16,5 mil moradores de favelas entre os dias 3 e 6 de julho deste ano, evidenciando uma força econômica que muitas vezes é ignorada.
Favela como mercado e força econômica
Com 12,3 mil favelas no Brasil, residem nesses locais 6,6 milhões de domicílios, o que corresponde a 8% das moradias do país e cerca de 17 milhões de brasileiros. Entre os entrevistados, 90% demonstraram otimismo com o futuro e acreditam que a qualidade de vida deve melhorar nos próximos anos.
— A favela não é carência, é mercado. Um mercado que compra, constrói, investe e transforma. Ignorar essa força é abrir mão de relevância econômica no Brasil real — afirma Renato Meirelles, fundador do Data Favela.
Hábitos de consumo e expectativas de compra
Segundo a pesquisa, nos últimos três meses, 55% dos moradores de favelas, aproximadamente 6,8 milhões de pessoas, compraram produtos de beleza, e 41%, cerca de 5 milhões, investiram em itens de vestuário. Para os próximos seis meses, 70% planejam adquirir mais roupas e calçados, especialmente nas regiões Norte (77%) e Nordeste (73%).
Além disso, produtos de cosméticos continuam em alta, com 60% dos entrevistados interessados em perfumes e 51% em outros itens de beleza nos próximos meses. A preocupação com a aparência é uma prioridade para 77% destes moradores, sendo que 57% consideram cosméticos itens de primeira necessidade.
O crescimento do e-commerce e educação
Para 60% dos moradores de favelas, comprar pela internet já é um hábito, com a Shopee liderando como plataforma preferida de comércio eletrônico. No entanto, 60% também relataram problemas como atraso na entrega.
Na área da educação, 43% planejam adquirir cursos diversos, enquanto 29% querem ingressar em cursos de idiomas, evidenciando o investimento na qualificação e formação profissional.
Melhorias desejadas nas comunidades
Entre as melhorias mais desejadas pelos moradores estão a ampliação da qualidade das habitações (19%), maior acesso a hospitais e postos de saúde (18%), atenção à segurança (18%) e melhorias em infraestrutura básica, como esgoto e iluminação pública (14%).
Perspectivas para o futuro da economia favelada
A pesquisa reforça a importância de reconhecer a favela como um polo de consumo e investimento. Para Meirelles, ignorar essa força pode significar perder oportunidades econômicas relevantes no Brasil real, que representa 84% do PIB nacional.
A expectativa é que o fortalecimento econômico dessas comunidades continue a impulsionar o crescimento do Brasil e promover a inclusão social por meio do mercado de consumo e empreendedorismo.
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