Na semana passada, cerca de 30 combatentes curdos do PKK destruíram suas armas em uma cerimônia no norte do Iraque, sinalizando o fim do conflito armado com a Turquia, uma das mais longas da história moderna. O gesto ocorre após ordens de Abdullah Ocalan, líder histórico do grupo, que abandonou suas demandas de autonomia, abrindo caminho para uma solução dentro do quadro democrático turco.
Discurso de paz e transformação na política turca
O presidente Recep Tayyip Erdogan declarou na ocasião que seu governo pretende avançar na legislação para concluir o processo de desarmamento, uma mudança simbólica e política que contrasta com anos de discursos de hostilidade e criminalização dos curdos, considerados por Erdogan e seus aliados como apoiadores do PKK.
Impacto interno e avanços políticos
Segundo analistas, a decisão de reduzir a hostilidade contra os curdos fortalece a posição de Erdogan, que há duas décadas busca consolidar sua liderança no país. O fim do conflito também permite que a Turquia concentre esforços em sua projeção regional, além de facilitar seus planos de integração europeia.
Antes de chegar ao poder em 2003, Erdogan já demonstrava interesse pela questão curda, mas foi após assumir o governo que promoveu medidas como a liberação do uso da língua curda e o reconhecimento cultural. Na década de 2010, negociações secretas com o PKK abriram espaço para uma breve trégua, que agora se concretiza na destruição das armas em Sulaymaniyah, no Iraque, um passo decisivo para a resolução do conflito.
Perspectivas para o futuro da questão curda na Turquia
Especialistas avaliam que o desarmamento do PKK pode abrir espaço para uma maior inclusão política dos curdos na Turquia, além de reduzir o risco de confrontos violentos no país. Contudo, permanece o desafio de consolidar a paz e garantir que as demandas por direitos culturais e políticos sejam atendidas no âmbito institucional.
Por outro lado, a medida também sinaliza uma mudança na postura do governo turco, que anteriormente sustentava uma política de forte repressão contra o movimento curdo. A expectativa é de que o processo de paz continue avançando, com reflexos positivos na estabilidade regional e na imagem internacional da Turquia.