Brasil, 19 de julho de 2025
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Conflito no Federal Reserve: Trump e as reformas de mármore

A disputa entre Trump e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, envolve reformas e gastos de bilhões no icônico prédio em Washington.

O Federal Reserve (Fed), uma das instituições mais influentes na economia dos Estados Unidos, está no centro de uma controvérsia que envolve seu presidente, Jerome Powell, e o ex-presidente Donald Trump. A disputa gira em torno de reformas custosas no prédio histórico do Federal Reserve, recentemente alvo de críticas por parte de Trump, que apontou o uso excessivo de mármore como um símbolo de desperdício.

A reforma e o uso do mármore

Durante seu primeiro mandato, Trump não apenas nomeou pessoas para a Comissão de Artes Finais, que revisou as reformas do Fed, mas também expressou preferências pessoais sobre o design do edifício. Em várias reuniões, membros indicados por Trump enfatizaram a necessidade de mais “mármore da Geórgia branca” no projeto de renovação, que, segundo eles, se alinha melhor com a estética histórica do edifício. O resultado da pressão foi a inclusão de mármore em um projeto que originalmente era destinado a ser mais moderno e transparente, com paredes de vidro, simbolizando uma abordagem mais aberta por parte da instituição monetária.

O uso de mármore, no entanto, não é o único fator que elevou o custo da reforma, que agora prevê um investimento total de cerca de 2,5 bilhões de dólares, incluindo um estacionamento subterrâneo e novas áreas envidraçadas. Especialistas apontam que, embora o mármore tenha um custo elevado, os problemas de gerenciamento e as complexidades do projeto contribuíram para os excessos orçamentários que agora são alvo de críticas.

Acusações e implicações políticas

Na semana passada, Trump, por meio de seu assessor de orçamento, Russ Vought, citou o uso de “mármore premium” em uma carta para Powell, acusando o Fed de realizar um “reformulação ostensiva”. Por sua vez, Powell respondeu que a escolha do mármore nacional foi feita para atender preocupações levantadas por agências de revisão externas, implicando que sua escolha não foi um capricho, mas uma resposta a exigências regulatórias.

O clima tenso em torno da reforma se intensificou quando a Casa Branca questionou se Powell poderia estar enganando os legisladores em relação ao custo da reforma. Durante uma audiência no Congresso, Powell alegou que algumas características mais luxuosas do projeto foram removidas devido ao alto custo. Essa declaração gerou uma onda de especulação, levando o deputado James Blair a pedir a revisão dos documentos do projeto.

A questão se estende além do mármore e da reforma em si. O futuro de Powell como presidente do Fed foi posto em xeque devido a essas críticas. Trump insinuou que consideraria demitir Powell se acreditasse que houve “fraude” em sua administração. Entretanto, um afastamento de Powell, especialmente em um período tão delicado para a economia dos EUA, poderia abrir espaço para incertezas significativas nos mercados financeiros, levando a um aumento nas taxas de juros e prejuízos para a já instável economia nacional.

O papel da Comissão de Artes Finais

A Comissão de Artes Finais, a qual revisita os planos de renovação, passou por uma série de mudanças durante a administração de Trump, quando novos membros, alinhados com a visão do ex-presidente, foram incluídos no grupo. Duncan Stroik, um dos aposto por Trump, havia solicitado que o projeto incluísse uma alternativa em mármore, refletindo um padrão estético preferido pela administração. No entanto, essa proposta foi derrubada em votações, embora tenha contribuído para que os arquitetos do Fed reconsiderassem a inclusão de mármore em seu plano final, que foi aprovado oficialmente apenas em setembro de 2021, após o afastamento de alguns membros controversos.

A estética versus a funcionalidade

O embate entre o design neoclássico e as abordagens modernas resulta em um dilema que não se limita à questão estética, mas que se entrelaça com desafios orçamentários e expectativas de eficiência. Críticos argumentam que a busca por manter uma aparência tradicional tende a inflacionar os custos, enquanto defensores da modernidade podem questionar a viabilidade econômica a longo prazo desse tipo de investimento.

O projeto de reforma do Federal Reserve, mais do que um simples capricho estético, se transformou em um microcosmo das disputas políticas em curso nos Estados Unidos, revelando como a arquitetura e as decisões de design podem impactar a esfera política. A continuação dessa batalha pode ter repercussões duradouras para a política monetária e para a confiança do público nas instituições governamentais.

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