No final da tarde desta sexta-feira (18), a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro da sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, foi marcada por tumulto e desabafos impactantes. Ao ser questionado sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o obrigou a usar tornozeleira eletrônica, Bolsonaro surpreendeu a todos ao declarar que “ninguém ganharia do Moraes”. As palavras do ex-presidente ecoaram em meio a uma onda de manifestação e descontentamento.
A referência a Ruy Barbosa
Quem foi Ruy Barbosa?
A frase de Jair Bolsonaro, que mencionou o célebre jurista Ruy Barbosa, um dos maiores intelectuais da História do Brasil, despertou curiosidade. Conhecido como o “Águia de Haia”, Barbosa foi fundamental na redação da primeira Constituição republicana em 1891, sendo um símbolo de justiça e boa oratória no país. Sua reputação transcendeu gerações, e ao mencioná-lo, Bolsonaro pareceu querer reforçar sua crença de que o sistema judicial atual é falho.
“Você pode contratar o Ruy Barbosa, mas ninguém ganha do Moraes”, afirmou Bolsonaro, um desabafo que visa não só expressar sua frustração com a situação atual, mas também lançar uma sombra sobre a integridade do poder judicial no Brasil.
Perseguição política e suicídio judicial
Durante suas declarações, Bolsonaro novamente negou qualquer envolvimento com crimes e enfatizou que se sente alvo de uma perseguição política. “Não sou criminoso. Não sou bandido. É uma verdadeira caça às bruxas”, disse, ilustrando a sua percepção de perseguição sistemática por parte do judiciário e da mídia.
Ele ainda comentou sobre a relação com os Estados Unidos, contestando uma acusação do ministro Moraes de que teria cometido um crime ao sugerir a anistia em troca de redução de tarifas internacionais. “Isso não existe. O Brasil não negocia nada com os EUA enquanto o Lula vive provocando e defendendo o Irã e o Hamas”, completou, reforçando sua posição de que está sendo injustamente atacado.
Protestos e reações
No exterior da sede do PL, manifestantes levavam faixas com frases de apoio a Bolsonaro e outras que clamavam por justiça. A situação chegou a gerar gritos de apoio e discussões acaloradas entre os grupos presentes, retratando a polarização política que se arrasta no país.
Além disso, alguns manifestantes expressavam suas opiniões através de faixas dizendo “Justiça feita! Genocida na cadeia”, reforçando o clima de tensão que permeia a figura do ex-presidente, que enfrenta várias acusações e investigações desde o fim de seu governo.
Investigação em curso e tensões familiares
Bolsonaro abordou também a questão de um pen drive encontrado em sua residência durante uma operação da Polícia Federal. Ele minimizou a situação, afirmando que não tem nada a esconder. “Não é da minha esposa, então. Tomara que não seja. Já é a quarta busca, é muita pressão em cima de mim”, declarou, negando qualquer crime.
O ex-presidente mencionou sua intenção de continuar com seus planos políticos, afirmando que seu objetivo de conseguir uma maioria no Congresso permanece intacto, mesmo diante das sanções judiciais que enfrenta. “Vou manter”, afirmou de forma resoluta.
Além disso, uma questão familiar também foi trazida à tona: Bolsonaro lamentou a proibição de contato com seu filho Eduardo, deputado licenciado que se encontra nos Estados Unidos. “A punição é tão absurda que eu não posso falar com meu filho. Nem com a esposa dele posso falar”, relatou, expressando sua indignação em relação às restrições impostas pelo STF.
Essa série de acontecimentos demonstra não apenas a luta de Jair Bolsonaro contra o sistema judicial, mas também a polarização política que continua a dividir o Brasil. A pressão sobre o ex-presidente parece longe de acabar, enquanto ele e seus apoiadores tentam navegar em um mar de controvérsias e desafios legais.
Com o cenário cada vez mais tenso e incerto, a atenção continua voltada para as próximas movimentações políticas e judiciais de Jair Bolsonaro e seu entorno, refletindo uma era de profundas divisões e debates acalorados na sociedade brasileira.