Durante uma coletiva realizada na sede do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria (MDIC), em Brasília, o vice-presidente Geraldo Alckmin, do PSB, se pronunciou sobre a operação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi desencadeada na última sexta-feira, 18 de julho. Alckmin destacou que a atuação da PF é uma questão do Judiciário, o que não cabe ao Executivo se pronunciar.
A separação dos poderes é fundamental
Ao ser indagado sobre se a operação poderia afetar as negociações tarifárias entre o Brasil e os Estados Unidos, Alckmin foi categórico ao afirmar que isso não deveria ocorrer, pois a independência dos poderes é a base do Estado de Direito, tanto no Brasil quanto nos EUA. “Os poderes são independentes. Isso é de Montesquieu, não é de hoje. Então, a separação dos poderes é a base do Estado do governo”, disse o vice-presidente.
Alckmin também mencionou que, até o presente momento, os Estados Unidos não formalizaram a ordem executiva que aumentaria as tarifas sobre produtos brasileiros para 50%. O vice-presidente explicou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) só poderia intervir se um ato concreto fosse submetido, o que ainda não aconteceu. “A OMC tem dois caminhos. O caminho são as consultas, isso é depois de um fato concreto. Depois você tem o painel, que é uma segunda etapa, e ainda tem uma questão recursal. Mas isso não é discutido nesse momento, porque isso seria só depois do fato concreto”, esclareceu.
Taxação de produtos brasileiros e suas consequências
O anúncio, feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a taxação de produtos brasileiros, está programado para entrar em vigor a partir de 1° de agosto, embora a questão ainda não tenha sido oficializada. Diante desse contexto, Alckmin enfatizou que o Brasil irá priorizar a negociação e o diálogo para tentar reverter a implementação das tarifas antes do final de julho. Uma carta de negociação já foi enviada ao governo americano, mas, até o momento, não houve retorno.
Reuniões com setores produtivos
Nos últimos dias, Alckmin se reuniu com representantes de diversos setores produtivos e do agronegócio brasileiro, com o objetivo de ouvir suas demandas e compreender as preocupações diante das tarifas. Durante esses encontros, o vice-presidente voltou a criticar a taxação e reforçou que a medida é inadequada. “Elas são absolutamente inadequadas. Os Estados Unidos têm déficit na balança comercial com boa parte do mundo, mas têm superávit na balança comercial com o Brasil, tanto no setor de serviços quanto no de bens. Tem superávit há 15 anos na balança comercial com o Brasil”, afirmou Alckmin.
A postura firme do vice-presidente demonstra a preocupação do governo brasileiro em preservar a relação comercial com os EUA e proteger a economia nacional. A medida proposta por Trump, se não revertida, pode ter grandes impactos nas exportações brasileiras, afetando diretamente a cadeia produtiva de diversos setores. Nesse sentido, a busca por soluções por meio do diálogo se torna cada vez mais urgente.
O desenvolvimento de estratégias que garantam uma negociação eficaz e a manutenção do fluxo comercial entre os dois países será essencial para evitar consequências negativas na economia brasileira. O governo federal continua aberto ao diálogo e à construção de um entendimento que preserve os interesses nacionais e promova um ambiente de cooperação entre as nações.