Recentemente, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou uma reestruturação nas linhas municipais de ônibus, que inclui a redução de cerca de 20% das viagens. Essa mudança já está sendo sentida nas ruas, principalmente nos pontos finais, onde a movimentação de passageiros se intensificou. A principal justificativa para essa corte é a tentativa de diminuir o número de ônibus circulando quase vazios fora dos horários de pico.
A crise nos pontos finais
A linha 107, que liga a Central do Brasil à Urca, foi uma das mais afetadas, com cortes de 30% nas viagens. A situação no ponto final da Urca é preocupante: ônibus estão estacionados e passageiros à espera, muitos deles demonstrando uma paciência cada vez mais curta. Um dos usuários, a copeira Claudete de Lima, não escondeu seu descontentamento: “Um monte de ônibus parado e todo mundo aqui aguardando o quê? A hora passar pra chegar mais tarde em casa? Isso é muito ruim mesmo”.
Reações dos usuários
O novo esquema de transporte provocou a insatisfação tanto entre os passageiros quanto entre os motoristas. Durante um período que a Prefeitura chama de “entrepico” — quando a demanda é normalmente menor —, muitos motoristas se veem obrigados a esperar por longos períodos antes de começarem a próxima viagem. A diarista Maria Nália, inconformada, afirmou: “Nem eles estão conseguindo se coordenar. Então a gente não tem horário específico pra ter uma noção e se basear pra vir pegar o ônibus. Não era bom, tá péssimo”.
A bagunça no trânsito
Os transtornos não param por aí. Moradores da Urca relatam que as mudanças na circulação dos ônibus fizeram com que muitos deles ignorassem as regras que limitam a quantidade de veículos parados no local. O aposentado Carlos Rodrigues descreveu uma situação caótica: “Começou uma buzinaria aqui desde ontem, que os carros ficam esperando os ônibus entrarem. Ou seja, não atende o passageiro e não atende a gente. É um problema óbvio”.
Desafios para as empresas de ônibus
A complexidade do novo planejamento é sentida pelas empresas de ônibus, que descrevem dificuldades operacionais. “Está muito difícil conseguir operacionalizar essa operação porque aumentaram viagens em determinadas horas e reduziram bastante em outras. Então, a logística de como deslocar os ônibus para fazer o atendimento é extremamente complicada”, comentou Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
Expectativas para o futuro
Em relação ao planejamento das viagens durante a madrugada, a situação parece estar melhorando. A Prefeitura informou que, ao contrário do restante do dia, o número de viagens será aumentado, com partidas previstas de hora em hora. Contudo, muitos passageiros ainda não estão cientes dessa melhoria. Rafaela Manhani, recepcionista, relatou uma experiência de espera prolongada: “Eu fiquei agora uma hora esperando a condução até a Central e com a garantia de que tem essa linha de kombi parada lá durante a madrugada. Porque, se não, eu teria que ficar em Botafogo, dormir no trabalho, como eu já fiz várias vezes, pra poder voltar pra casa”.
A manicure Maria José Serafim Freitas também compartilhou sua insatisfação com a nova programática: “Normalmente eu esperava no máximo dez minutos. Já tô aqui literalmente há 22 minutos e até agora não passou nenhum. Normalmente, nesse momento já tô chegando na minha casa. E até agora não passou nenhum ônibus.”
Os passageiros continuam a lutar contra a redução das viagens, com críticas sendo direcionadas à administração municipal pela falta de planejamento. Marilene Mendes, agente de saúde bucal, foi clara em sua insatisfação: “Diminuíram muito. Foi a pior coisa que fizeram na vida. Não sei da onde tiraram isso. E nós, trabalhadores, é que sofremos.”
Considerações finais
A Secretaria Municipal de Transportes enfatizou que o planejamento das linhas está em constante revisão, com atualizações quinzenais, buscando se ajustar às demandas dos usuários e a possíveis problemas identificados. Contudo, para muitos passageiros, a necessidade imediata é a restauração das frequências anteriores e um transporte mais eficiente e confortável, que atenda às suas necessidades diárias.
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