Na última quarta-feira (16/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez críticas ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em resposta à investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil. Durante uma entrevista ao Estadão, Haddad afirmou que a ação do presidente norte-americano, Donald Trump, vai realizar o “sonho” do parlamentar brasileiro de taxar o Pix.
Investigação sobre o Pix
A investigação iniciada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) analisará práticas comerciais desleais entre o Brasil e os Estados Unidos, com o Pix incluído entre os alvos principais. O ministro enfatizou que essa situação gera uma oportunidade de provocação a Nikolas Ferreira, que no início do ano, havia criticado publicamente mudanças propostas pela Receita Federal para o sistema de pagamentos eletrônicos, o Pix.
“Ele [Trump] vai realizar o sonho do Nikolas de taxar o Pix”, declarou Haddad, relembrando que as críticas do deputado causaram grande repercussão e forçaram o governo a recuar em sua proposta reagindo às mudanças que poderiam prejudicar o serviço.
Impacto da taxação sobre o comércio
O governo dos Estados Unidos vê o Pix como uma ferramenta que pode prejudicar a competitividade das empresas americanas no Brasil, principalmente aquelas que atuam no comércio digital e nos serviços de pagamento eletrônico. Essa análise foi parte da argumentação que motivou a abertura da investigação por parte do USTR.
O ministro destacou que a ação de Trump reflete mais uma vez a precariedade da relação entre os dois países e o impacto que isso pode ter na economia brasileira. A declaração de Haddad surge em um contexto de intensas tensões comerciais entre os dois países e uma expectativa de como estas ações poderão afetar o comércio bilateral.
Responsabilização da família Bolsonaro
Além das provocações direcionadas a Nikolas Ferreira, Haddad utilizou a narrativa do aumento da taxação para direcionar criticas à família Bolsonaro. Ele afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus familiares são responsáveis pelo aumento da taxa de 50% imposto por Trump. Isso porque o argumento do republicano para justificar a medida é que Bolsonaro é uma vítima de uma “caça às bruxas” promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nós vamos sacrificar o Brasil por causa do Bolsonaro? Ele que deveria estar se sacrificando pelo Brasil”, criticou Haddad, ressaltando a falta de solidariedade da família Bolsonaro em um momento de crise para o país.
Ainda, Haddad chamou a atenção para a falta de qualquer gesto positivo por parte da família que pudesse amenizar os danos econômicos gerados pelas suas ações. “Não conheço paralelo na história de uma família ser um problema para o país inteiro e não fazer um gesto diante do caos”, acrescentou.
Reflexão sobre a situação econômica
A situação instalada pelo governo americano e a relação conturbada com a família Bolsonaro levanta preocupações sobre o futuro econômico do Brasil. Para Haddad, a forma como a família ex-presidente tem agido está colocando em risco não apenas empregos, mas também a estabilidade econômica do país. “Estamos falando de famílias que, ao apoiar sua eleição em 2018, esperavam que o país prosperasse”, disse.
O ministro concluiu suas declarações com um apelo pela unidade e uma ação mais responsável dos envolvidos na política nacional para minimizar os efeitos adversos de medidas externas que ameaçam a economia brasileira.
Essa abordagem crítica de Haddad não apenas ilustra as tensões comerciais entre Brasil e EUA, mas também lança luz sobre o papel que a política interna pode ter sobre o cenário econômico. As respostas que o governo brasileiro dará nos próximos meses em relação a essas questões serão cruciais para a manutenção da competitividade e da estabilidade econômica no país.
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