O general Valério Stumpf Trindade, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a dispensa para depor como testemunha do coronel Márcio Nunes de Resende, um dos indivíduos considerados parte do núcleo da suposta trama golpista que buscava manter Jair Bolsonaro no poder. A audiência onde o general seria ouvido está agendada para a próxima terça-feira, 22 de julho.
Pedido de dispensa de depoimento
Em uma petição encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, o general alegou que não possui qualquer tipo de conhecimento ou contato com o coronel Resende. A solicitação de Valério Stumpf baseia-se no artigo 400, §1º, do Código de Processo Penal, que permite a dispensa de testemunhas que não têm relação com o caso. O general informou: “O peticionante não conhece, nunca interagiu, nem teve qualquer contato com o réu. Com efeito, requer-se, com fulcro no art. 400, §1º, do Código de Processo Penal, seja indeferido o requerimento de sua oitiva na qualidade de testemunha.”
A relação do general com o cenário político
Valério Stumpf foi um importante oficial do Exército e sua postura legalista nos acontecimentos políticos recentes lhe rendeu a desaprovação de alguns membros do círculo bolsonarista. Durante o período em que esteve em posições elevadas, Stumpf se tornou alvo de críticas por se negar a apoiar planos que visavam um golpe de Estado contra a nova administração. Mensagens obtidas pela Polícia Federal em investigações demonstram que alguns apoiadores de Bolsonaro chegaram a referir-se a Stumpf como um “informante” do ministro Moraes, além de utilizarem o apelido “leva e traz” para se referirem a ele.
Histórico profissional de Valério Stumpf
Antes de assumir o Estado-Maior do Exército, Valério foi o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional durante a presidência de Michel Temer. Sua trajetória militar e administrativa o consolidou como uma figura relevante em discussões sobre segurança e política no Brasil, especialmente durante um período de intensa polarização.
O contexto atual, envolvendo investigações sobre uma alegada trama golpista, destaca a complexidade em que alguns dos membros das forças armadas se encontram, divididos entre apoiar ou não decisões políticas controversas e mantendo sua lealdade à Constituição. O general Stumpf, com sua posição clara em favor dos preceitos legais, emerge como um contraste em relação a outros militares que optaram por uma postura mais alinhada com os interesses políticos do governo anterior.
Implicações da negativa do general
A recusa de Valério Stumpf em depor como testemunha pode ter implicações significativas no andamento dos processos relacionados à investigação da suposta trama golpista. À medida que novos testimoniais e evidências são coletadas, o papel de figuras chave como o general pode se revelar vital para entender a rede de apoios e oposições que atravessam o Exército e o governo.
A decisão do general também reflete a dinâmica delicada entre as instituições militares e o sistema judiciário no Brasil, evidenciando tensões que podem ter repercussões duradouras para a governança e para a segurança institucional no país.
A investigação em curso e as próximas audiências programadas no STF prometem continuar revelando detalhes e ampliando o debate sobre a legitimidade das ações passadas de lideranças políticas e militares, enquanto a sociedade brasileira observa atentamente o desenrolar desses eventos.
Conforme a audiência se aproxima, o cenário continuará a evoluir, e a figura de Valério Stumpf, por sua postura e decisões, permanecerá no centro das atenções.