A 25 de Março, conhecida rua de comércio popular em São Paulo, foi incluída em um documento do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, levantando debates sobre o comércio ilegal na região. A investigação aponta venda de produtos falsificados, incluindo marcas americanas, em um contexto de disputa comercial e ideológica.
Investigações dos EUA e impacto no comércio da 25 de Março
Os Estados Unidos acusam comerciantes da rua de vender produtos pirateados e de indicar falta de proteção à propriedade intelectual, inserindo a região na guerra comercial contra o Brasil promovida pelo presidente Donald Trump. Segundo o documento, a prática prejudica a economia americana e alimenta a pirataria na região.
Enquanto associações de lojistas e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendem a legalidade do comércio local, afirmando que a pirataria é uma minoria, operações policiais revelam milhares de apreensões anuais de mercadorias ilegais na região. Contudo, a venda de itens com referências a marcas americanas é comum, variando de bolsas Nike a bonecos do Mickey.
A luta contra a pirataria na rua
Dados da Polícia Civil e Federal mostram que, em 2025, foram apreendidas mais de 3,4 milhões de mercadorias piratas na região, enquanto a Receita Federal confiscou 650 toneladas de produtos irregulares, estimados em R$ 500 milhões. A prefeitura afirma realizar fiscalizações diárias para coibir a pirataria.
Para comerciantes, a investigação americana não deve afetar o comércio da rua. Carlos, vendedor de eletrônicos há 12 anos, comenta: “Se você encontrar um produto original americano na 25, me mostre onde está.” Outros, como o camelô José Nilton, preferem ver a situação como uma “fase de intimidações”, defendendo que o comércio ilegal na região ocorre há mais de 30 anos e é pontual.
Reação política e contexto histórico
O governo brasileiro responde às pressões, destacando que contramedidas estão sendo discutidas, como a proposta de Lei da Reciprocidade, considerada última alternativa ao tarifamento de produtos americanos. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, o objetivo é equilibrar as relações comerciais.
Historicamente, a 25 de Março se tornou um centro de comércio popular no início do século 20, passando por fases de forte influência de mercadorias chinesas e taiwanesas, muitas de origem clandestina. Em janeiro, uma reportagem do GLOBO revelou que máfias ligadas a imigrantes chineses controlam boa parte das vendas ilegais na região, utilizando estratégias sofisticadas como empresas falsas para mascarar a origem das mercadorias.
Perspectivas futuras e o papel das redes sociais
As redes sociais reforçam a polêmica, com debates sobre a legitimidade do comércio na 25 de Março e a influência de políticas estrangeiras na região. A reportagem aponta que, apesar das autoridades e associações defenderem a legalidade das operações, a informalidade e o comércio ilegal permanecem uma realidade consolidada há décadas.
O episódio intensifica a disputa diplomática e evidencia o desafio do Brasil em lidar com o comércio ilegal enquanto mantém a atividade econômica na região. Essa tensão evidencia a complexidade de equilibrar interesses locais, nacionais e internacionais em um setor tão emblemático para a economia paulistana.
Fonte: O Globo