No coração da Zona Norte do Rio de Janeiro, em Madureira, uma série de assaltos a ônibus tomaram a atenção da população. Durante uma operação da Polícia Militar no Morro da Serrinha, na última terça-feira (15), criminosos invadiram coletivos, assaltaram passageiros e utilizaram os veículos como barricadas. Imagens de câmeras de segurança, obtidas com exclusividade pelo RJ2, mostram a ação ousada dos bandidos e geram preocupação sobre a segurança pública na região.
A chegada dos criminosos
Os vídeos revelam a audácia dos assaltantes. Um deles, encapuzado, intercepta um ônibus em movimento e força o motorista a parar. Em seguida, outros três criminosos se aproximam, armados com um pedaço de pau, e roubam o dinheiro da roleta, enquanto os poucos passageiros presentes são obrigados a descer. O veículo é então conduzido pelos bandidos e bloqueia uma via principal, prejudicando o trânsito da região.
Outro momento impactante capturado pelas câmeras mostra um homem de capacete que invade um ônibus parado no sinal. O motorista, em um ato desesperado, tenta esconder o dinheiro, mas o criminoso rapidamente se apodera das chaves do veículo antes de fugir. As filmagens não param por aí; uma terceira gravação mostra um homem exigindo a chave do motorista e fugindo na garupa de uma moto, enquanto passageiros aterrorizados tentam escapar pela porta traseira.
A estratégia criminosa
Com a polícia empenhada em conter a ação criminal na área, muitos ônibus que não haviam sido interceptados tentaram evitar os pontos mais críticos, mas se depararam com caçambas de lixo espalhadas pelas ruas, impostas pelos bandidos para dificultar a circulação. Em um dos vídeos, dois coletivos são abordados simultaneamente, com um deles sendo forçado a parar e outro invadido por um criminoso armado.
A resposta da Polícia Militar
A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que a ação dos criminosos foi uma tentativa de frustrar a operação em andamento no Morro da Serrinha, que completou três dias. A tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da corporação, explicou que os bandidos costumam mobilizar ações em diversos pontos como uma forma de distrair as equipes de polícia. “Quando a polícia se aproxima de um alvo importante ou liderança, eles tentam criar uma cortina de fumaça”, afirmou.
Para conter a onda de violência, a PM mobilizou o Batalhão de Choque e o Bope, reafirmando o compromisso em garantir a segurança da população local. A passageira Adelina, que vivenciou momentos de pânico em um dos ônibus parados na Avenida Edgar Romero, relatou: “Parou o ônibus. Aí vem uma porção de jovens. Bate na porta: ‘a chave, a chave, a chave’. A gente tá tudo arriado no chão. Aí um abre a porta de trás, desce todo mundo.”
O impacto para a sociedade
O porta-voz do Rio Ônibus, Paulo Valente, destacou que o maior prejuízo deste tipo de crime não recai sobre as empresas, mas sim sobre a sociedade, já que os cidadãos são privados do seu direito de ir e vir. “Isso já virou quase rotina”, comentou Valente, evidenciando a urgência de uma resposta efetiva das autoridades.
Monitoramento e prevenção de crimes
Em nota, a Polícia Militar afirmou que está monitorando os casos de uso de ônibus como barricadas, intensificando reuniões com empresas de transporte para desenvolver estratégias de segurança. Além disso, a corporação conta com o Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) e o Batalhão Tático de Motociclistas (BPM) para coibir esses delitos. A PM destaca a necessidade de atualização legislativa para que as punições sejam compatíveis com a gravidade dos crimes cometidos.
A situação em Madureira é um reflexo da crescente violência nas áreas urbanas do Rio de Janeiro e lembra a todos a importância de discutir e implementar medidas efetivas para garantir a segurança da população. A necessidade de união entre as autoridades, empresas e cidadãos se torna mais evidente do que nunca, enquanto todos buscam um lugar seguro para viver e se deslocar.
