A Coca-Cola anunciou que continuará usando o xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS) como adoçante principal em suas bebidas nos Estados Unidos, apesar das declarações de Donald Trump de que teria convencido a empresa a adotar o açúcar de cana no país. O presidente destacou, em rede social, que a mudança seria uma iniciativa melhor e mais saudável.
Posicionamento oficial da Coca-Cola
Inicialmente, a Coca-Cola agradeceu o “entusiasmo do presidente Trump” e mencionou “novas ofertas inovadoras”, sem confirmar alterações na fórmula tradicional. Dias depois, a companhia divulgou um posicionamento oficial defendendo o uso do HFCS, ressaltando que o ingrediente é amplamente adotado na indústria de bebidas nos Estados Unidos.
A Coca-Cola destacou que o HFCS tem valor calórico semelhante ao do açúcar de mesa e que é metabolizado de forma equivalente pelo organismo humano. Além disso, citou a posição da American Medical Association, que, em 2023, afirmou não haver evidências suficientes para restringir o uso do adoçante ou exigir rotulagem de advertência.
Impacto de uma possível mudança na receita
A substituição do adoçante padrão poderia gerar impactos significativos no setor agrícola, especialmente na produção de milho, já que o HFCS é derivado dele. Na década de 1980, a Coca-Cola passou a usar o xarope de milho em substituição ao açúcar de cana, aproveitando subsídios ao milho e tarifas que dificultavam a importação de açúcar estrangeiro.
Reverter esse processo elevaria custos de produção, refletindo-se em tarifas impostas pelo próprio governo Trump a países exportadores de cana-de-açúcar. Trump continua a consumir Coca-Cola Diet, que não contém nem HFCS nem açúcar de cana, mas sim o adoçante artificial aspartame.
Cenário político e influência na saúde pública
A declaração de Trump ocorre em meio a pressões políticas, incluindo a campanha “Make America Healthy Again”, liderada pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., que defende a remoção de ingredientes como o HFCS da alimentação industrializada. Além disso, o presidente enfrentou outras controvérsias, como a divulgação de arquivos ligados a Jeffrey Epstein.
Durante seu mandato anterior, Trump tinha um botão na mesa do Salão Oval para solicitar Coca-Cola Diet, símbolo de sua preferência pela versão sem açúcar. Em janeiro de 2025, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, presenteou o presidente com uma garrafa na posse presidencial, reacendendo debates sobre a influência política da gigante de bebidas.
Apesar do apoio de Trump, a Coca-Cola permanece firme na sua composição atual nos EUA, enquanto no México, a produção com açúcar de cana continua sendo a norma, inclusive em produtos vendidos a preços mais elevados.