Goiânia – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (17), que o Brasil começará a cobrar impostos de empresas digitais norte-americanas que operam no território nacional. A medida refere-se principalmente às chamadas big techs, como Google e Meta, que controlam plataformas de grande alcance. Essa declaração foi feita durante a abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado em Goiânia.
“No passado, um ex-presidente dos Estados Unidos disse que não queria que as empresas americanas fossem taxadas no Brasil. É fundamental entender que a soberania de um país é a soberania do seu povo. Por isso, vamos realizar discussões e implementar a cobrança de impostos sobre essas empresas digitais”, discursou Lula.
O Congresso da UNE e sua relevância
O 60º Congresso da UNE reúne mais de 15 mil universitários de diversas regiões do Brasil. Realizado em um dos bastidores políticos mais importantes do país, o evento é um espaço privilegiado para a discussão de pautas sociais e culturais entre jovens lideranças e políticos.
O estado de Goiás, onde o evento acontece, tem uma significativa importância histórica. É o local natal de Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE e símbolo da resistência estudantil durante a ditadura militar, que está desaparecido desde essa época.
O evento se configura, portanto, não apenas como um espaço de debates, mas também como um tributo à memória do movimento estudantil e suas lutas passadas.
Além de focar na necessidade de tributação das big techs, Lula também discursou sobre a importância de combater a desinformação e o ódio nas redes sociais. “Não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, se promova desinformação e violência, especialmente contra as crianças e mulheres”, ressaltou o presidente.
Tragédia no caminho para o Congresso
Infelizmente, o Congresso também foi marcado por uma tragédia. Na madrugada de quarta-feira (16), um acidente entre uma carreta, um micro-ônibus e um ônibus resultou na morte de cinco pessoas na BR-153, em Porangatu, Goiás. Entre as vítimas estavam três estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) e um motorista da instituição.
As vidas perdidas incluem:
- Welfesom Campos Alves, militante da União da Juventude Rebelião (UJR) e do partido Unidade Popular (UP)
- Leandro Souza Dias, também da UJR e da UP
- Ana Letícia Araújo Cordeiro, estudante da UFPA
- Ademilsom Militão, motorista e servidor da UFPA
As vítimas estavam a caminho do Congresso da UNE e sua morte gerou comoção entre os presentes no evento e em todo o país. A perda foi lembrada nas discussões sobre segurança e responsabilidade nas estradas.
Expectativas do evento
O Congresso da UNE é uma vitrine para o futuro político e social do Brasil. Durante o evento, os jovens discutem não só propostas para a presente realidade, mas também visões para o futuro do país. As deliberações feitas nesse encontro têm o potencial de moldar políticas públicas em um Brasil que enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à educação, direitos humanos e liberdade de expressão.
Os participantes também expressaram suas opiniões por meio de cartas e protestos, abordando temas críticos como a influência dos Estados Unidos nas questões internas do Brasil e a necessidade de independência nas decisões políticas e econômicas.
Enquanto o evento avança, as discussões sobre a tributação de big techs e as implicações políticas e econômicas dessa decisão continuam a ser um dos principais focos de atenção. A presença de Lula e a sua disposição em dialogar com a juventude brasileira reforçam a importância do protagonismo dos jovens nas transformações sociais do país.
O Congresso da UNE, portanto, não se limita a ser uma mera reunião estudantil; é um espaço onde se reconfiguram identidades, se reúnem lutas e se planeja o futuro do Brasil. As expectativas são altas, e o impacto das decisões tomadas neste evento será sentido por anos a fio.