Brasil, 17 de julho de 2025
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Bispo de África do Sul liga crise na saúde à suspensão de ajuda dos EUA

Bispo afirma que problemas na saúde sul-africana não são causados por migrantes, mas pela retirada de fundos americanos

O bispo Joseph Mary Kizito, da Diocese de Aliwal na África do Sul, afirmou que a crise no setor de saúde do país não se deve à presença de migrantes, mas à suspensão de ajuda financeira dos Estados Unidos, anunciada recentemente pelo governo norte-americano. A declaração foi feita em entrevista ao ACI Africa, parceiro de notícias da CNA, em 15 de julho de 2025.

Situação de saúde e impacto da ajuda dos EUA

Segundo o bispo, muitos residentes locais protestam contra migrantes e refugiados, acusando-os de sobrecarregar os hospitais públicos. No entanto, Kizito ressaltou que a falta de medicamentos não se deve à presença estrangeira, mas à difícil situação econômica do país, agravada pela retirada de recursos enviados pelos Estados Unidos.

Ele explicou que projetos de HIV e tuberculose, financiados anteriormente pelo governo norte-americano, estão sendo encerrados. “Há uma grande diminuição nos fundos, e isso causa escassez de medicamentos”, explicou. “As pessoas acabam culpando os migrantes por essa situação, mas elas não compreendem as razões políticas por trás disso.”

Crítica à xenofobia e à gestão das fronteiras

Kizito condenou as ações de xenofobia, incluindo protestos em Joanesburgo, como as barricadas em Rosettenville, onde residentes exigem que migrantes sem documentação busquem cuidados em clínicas privadas. Ele destacou que esses atos atentam contra a unidade social do país.

O bispo, que lidera a Diocese de Aliwal, também criticou a gestão das fronteiras sul-africanas, apontando a falta de controle e a corrupção de oficiais que facilitam a entrada ilegal de estrangeiros. “Nossas fronteiras são muito extensas ou os recursos insuficientes, o que permite a entrada de muitas pessoas de forma ilegal”, afirmou.

Impacto na comunidade religiosa e pedidos às autoridades

Kizito destacou a saída de sacerdotes estrangeiros, que não conseguem renovar seus vistos devido aos atrasos burocráticos, contribuindo para a escassez de clérigos no país. “Alguns sacerdotes tiveram que voltar aos seus países porque não conseguem documentação adequada”, revelou.

Ele fez um apelo às autoridades sul-africanas, especialmente ao Departamento de Assuntos Internos, para que agilizem os processos e reduzam as pendências nos sistemas de visto. “A burocracia está travada. As pessoas querem cumprir as leis, mas não conseguem devido à ineficiência administrativa”, enfatizou.

Contexto internacional e desafios futuros

Segundo o bispo, a crise financeira global e o corte de fundos por parte do governo dos EUA continuam agravando a situação socioeconômica de diversos países africanos, como Zimbábue, República Democrática do Congo e Lesoto, cujos migrantes estão na África do Sul. “A questão dos migrantes não vai parar; pelo contrário, deve aumentar”, alertou.

Ele reforçou a necessidade de uma gestão eficiente das fronteiras e de maior diálogo entre o governo e os agentes locais para solucionar o problema da documentação e reduzir a xenofobia. “Precisamos entender melhor o impacto das políticas internacionais na nossa realidade”, concluiu.

Esta matéria foi originalmente publicada pela ACI Africa, parceiro de notícias da CNA na África, e adaptada para o português.

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