Brasil, 17 de julho de 2025
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Aumento de 26,3% nos casos de feminicídio no Ceará em 2025

Dados revelam um aumento alarmante no feminicídio no Ceará, evidenciando a necessidade urgente de ações efetivas.

No primeiro semestre de 2025, o Ceará registrou 24 casos de feminicídio, representando um aumento de 26,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. As informações foram divulgadas pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia (Supesp) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) nesta segunda-feira (14). O número não apenas revela uma elevação significativa, mas também estabelece um triste recorde, sendo o mais alto em um intervalo de oito anos.

Cenário preocupante e mês mais letal

Os casos ocorridos nos primeiros seis meses deste ano foram registrados em diversas cidades do Ceará, incluindo Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte. As vítimas, com idades variando entre 18 e 57 anos, foram assassinadas com diferentes tipos de armas, sendo a prevalência de armas brancas seguida por armas de fogo.

Junho destacou-se como o mês mais violento, com 11 feminicídios, o que representa o maior número registrado em um único mês desde que a Supesp começou a monitorar esses crimes em 2018. Entre os casos, destaca-se o brutal assassinato da jovem Lorena Ferreira, de 18 anos, decapitada por um homem de 62 anos que não aceitava o fim de sua tentativa de aproximação amorosa. Após o ataque, o agressor acabou morrendo em decorrência de uma agressão por populares que tentaram linchá-lo.

Motivações de um crime estrutural

Os casos de Rafaela de Lima Almeida, de 29 anos, e Camile Alves da Silva, de 22 anos, também refletem um padrão de violência extrema passível de ser reinterpretado sob a ótica de um desprezo pelas vidas das mulheres. Ambas foram assassinadas por ex-parceiros que não aceitavam o fim dos relacionamentos, indicando que os feminicídios muitas vezes têm como motivação o controle e o ciúme. A psicanalista Macedônia Felix caracteriza o feminicídio como um crime estrutural, indicando que a cultura de aceitação da violência contra a mulher começa desde a infância e se perpetua nas relações interpessoais.

A normalização da violência

Segundo Felix, o silenciamento das mulheres em situações de abuso, a falta de apoio social ao realizar denúncias e a presença de uma cultura machista são fatores que permitem a normalização da violência. “Muitas mulheres que denunciam enfrentam uma solidão e um estigma consideráveis”, destaca a psicanalista. Essa ideia é corroborada por dados que mostram um empoderamento das mulheres que buscam apoio e mudam sua realidade através de programas adequados, ressaltando a importância da rede de apoio.

Iniciativas para enfrentar a violência

Diante desse cenário alarmante, o Governo do Ceará tem implementado diversas estratégias para fortalecer a proteção às mulheres. Com a recente inauguração da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher em Fortaleza, o estado agora conta com 60 equipamentos de apoio para vítimas de violência. Desde o início do ano, já foram solicitadas 1.431 Medidas Protetivas de Urgência, sublinhando a urgência de ações preventivas e assertivas.

Outro programa importante é o “Empodera”, que visa oferecer autonomia financeira a mulheres em situação de violência. Desde o lançamento, em novembro passado, mais de 263 mulheres foram beneficiadas com ações que promovem a reestruturação da autoestima e a capacitação no mercado de trabalho, permitindo que elas se tornem protagonistas de suas vidas.

Denunciar é um ato de coragem

O enfrentamento ao feminicídio no Ceará não se limita apenas a ações governamentais, mas também envolve uma mudança cultural em relação à violência de gênero. A Secretaria de Segurança Pública do Ceará incentiva que as denúncias sejam feitas por meio do Disque 190 ou do número 180 do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Com a atuação efetiva da sociedade, é possível transformar esse triste cenário e garantir segurança e dignidade para todas as mulheres.

Em um momento em que os números de feminicídio crescem alarmantemente, é fundamental que a sociedade tome consciência do problema e lute contra a normalização da violência, para que nunca mais tenhamos que reportar casos semelhantes.

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