O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira que o Brasil aguarda há 24 horas uma resposta dos Estados Unidos às cartas enviadas ao governo americano sobre a tarifação de 50% imposta a produtos brasileiros. A iniciativa faz parte de uma estratégia de diálogo e retaliação econômica frente às ações de Washington.
Resposta dos EUA e posicionamento de Alckmin
De acordo com Alckmin, ainda não há retorno oficial. “Estamos aguardando, faz 24 horas, a carta que enviamos à USTR (Departamento de Comércio dos EUA) e vamos acordar”, declarou. Ele reforçou que as questões relacionadas às tarifas não têm conexão com o Poder Judiciário, destacando a importância da separação dos poderes no país.
“São coisas que não têm nexo. Uma coisa é questão do Poder Judiciário e é importante destacar que a separação dos poderes é pedra angular do Estado democrático de Direito”, afirmou o vice-presidente.
Agenda de reuniões e estratégias do governo
Alckmin realizou nesta quinta-feira o terceiro dia consecutivo de reuniões com setores afetados pela tarifa de 50%, incluindo empresários e representantes do comércio exterior. Sua ofensiva busca alinhar uma resposta do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à medida adotada por Donald Trump, que prometeu taxar importações brasileiras em 50% a partir de 1º de agosto.
Diálogo com setor produtivo e oficialização de medidas
Durante as reuniões, Alckmin também confirmou o uso da Lei da Reciprocidade Econômica, que possibilita a imposição de tarifas retaliatórias. O governo publicou, recentemente, um decreto regulamentando essa ferramenta, destinada a não permanecer passivo diante das barreiras comerciais americanas.
O vice-presidente afirmou que a estratégia inclui explicar aos Estados Unidos os alvos de investigação comercial e reforçar a interlocução com empresários do setor. “A nossa prioridade é diálogo, mas estamos prontos para adotar medidas caso seja necessário”, completou.
Reuniões com diferentes setores e reações
Além das interlocuções governamentais, Alckmin esteve nesta quinta-feira com representantes de diversas indústrias, incluindo a Stefanini, a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEM), a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Uma reunião com o presidente da Câmara e do Senado também foi realizada nesta semana.
Segundo fontes próximas às negociações, a expectativa é de que o governo consiga impulsionar uma resposta unificada e firme às ações comerciais dos Estados Unidos, fortalecendo a posição brasileira no cenário internacional.
Contexto internacional e perspectivas futuras
A controvérsia ocorre em meio ao recente anúncio do governo americano de aplicar tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, como forma de pressionar pelo fechamento de investigações de acordo com as políticas comerciais de Washington. A situação gera tensão diplomática e fortalece a busca por alternativas de diálogo e estratégias de retaliação por parte do Brasil.
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O governo mantém a expectativa de que o diálogo diplomático possa evitar uma escalada maior do conflito comercial e preservar os interesses econômicos do país.