Na celebração dos 50 anos de independência de São Tomé e Príncipe, a estilista, escritora e jurista Goretti de Pina compartilha sua visão sobre o futuro do país. Apesar das conquistas, ela faz um apelo à responsabilidade e ao comprometimento da sociedade para consolidar os ideais de independência. A conversa, parte do programa “África em Clave Cultural”, foi realizada no dia 17 de julho de 2025, um marco simbólico para a história das ilhas do Golfo da Guiné.
Reconhecimento e novos desafios
No dia 9 de julho, Goretti recebeu o “Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia” em Lisboa, um incentivo em meio aos desafios que ainda permanecem no país. Para ela, a literatura é uma ferramenta poderosa para trazer à tona questões críticas, como a saúde, que enfrenta dificuldades notáveis. No entanto, ela mantém um olhar positivo para algumas áreas, como a educação, que tem mostrado progresso significativo. O caminho para a total consolidação da independência, segundo Goretti, ainda é longo, e é preciso que todos se unam em busca deste objetivo.
“A independência é um sonho inacabado”, observa Goretti, citando o hino nacional que sugere para encerrar a discussão. A letra do hino, de Alda Espírito Santo, representa a memória viva de uma geração que lutou pela libertação da nação, e ainda ecoa a necessidade de uma maior participação da população na construção do futuro do país. Goretti destaca a relevância de figuras como Alda, enfatizando sua importância como modelo de determinação e dedicação ao país.
O papel da arte e da literatura
A participação de Goretti no Festival de Literatura-Mundo do Sal, que ocorreu entre 26 e 29 de junho de 2025, mostra seu compromisso com a cultura e a criatividade. “Eventos como esses são alimento para a alma e para a criatividade”, afirma, reconhecendo a importância do intercâmbio de experiências com outros escritores e artistas. Durante o festival, ela não apenas apresentou suas obras, mas também participou de uma atividade de poesia coletiva, criando um “Poema de todos nós”, simbolizando a união e a coletividade.
A diversidade de interesses e atividades de Goretti reflete seu engajamento crítico e artístico. Além de sua carreira literária, ela é atuante na moda, tendo fundado a marca “Goretti Pina Fashion” em 2008, na qual busca transmitir a essência da cultura santomense. Ela defende a moda como uma forma de comunicação e um meio de expressar a identidade cultural, sempre atenta à responsabilidade que isso envolve.
Um olhar para o futuro
Goretti de Pina, natural da ilha do Príncipe, tem uma trajetória riquíssima que combina sua paixão pela arte com um compromisso social firme. Desde estudos em Lisboa até a atuação como mediadora intercultural, sua vida tem sido uma busca contínua por promover mudanças e evolução. A artista ressalta que a poesia e a arte podem ser agentes transformadores, capaz de sensibilizar e unir as pessoas em prol de objetivos comuns.
Recentemente, ela publicou obras que refletem seu amor pela terra natal e suas aspirações por um mundo mais justo, incluindo contos e textos infanto-juvenis. Sua escrita é permeada por uma crítica social e um apelo à evolução, que se traduz na crença de que a literatura e a arte são ferramentas fundamentais para moldar o futuro do país.
Em suas palavras, “a arte é uma das formas de expressão do amor e de resistência, capaz de salvar o mundo”. Assim, Goretti de Pina se transforma em uma voz potente na luta pela consolidação da independência de São Tomé e Príncipe, ressaltando a necessidade de todos persistirem na busca por um futuro melhor, onde a cultura e a arte sejam faróis de esperança e transformação.
Com isso, a mensagem de Goretti ecoa clara: a liberdade conquistada há 50 anos ainda requer empenho coletivo para que seus ideais se realizem plenamente. E é através de sua arte e compromisso social que ela se propõe a contribuir para esse caminho.
