Brasil, 16 de julho de 2025
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Taxação de produtos brasileiros por Trump fortalece Lula em 2026

A ofensiva de Trump contra o Brasil revigora popularidade de Lula e reativa discurso de defesa da soberania nacional.

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros abriu um novo capítulo no cenário político brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com essa oportunidade, tem conseguido ampliar seu discurso de defesa da soberania nacional, uma estratégia que remete à sua trajetória política. Em resposta a essa taxação, o PT intensificou sua ação nas redes sociais, reforçando a imagem de Lula como um defensor dos interesses nacionais, algo que pode ser crucial em sua candidatura para as eleições de 2026.

Impactos da taxação na popularidade de Lula

De acordo com analistas, a crise gerada pelo que foi chamado de “tarifaço” de Trump propiciou ao governo federal reviver a retórica do “nós contra eles”, polarizando o debate ao redor do nacionalismo. Essa estratégia coloca Lula em oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados nos Estados Unidos. Antonio Jorge Ramalho da Rocha, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), observa que “a agressividade e a falta de critérios do presidente Trump em relação à imposição da tarifa são tão absurdas que até mesmo aqueles que não simpatizam com Lula acabam o apoiando na defesa do interesse nacional”. Essa dinâmica foi evidenciada em uma pesquisa da AtlasIntel/Bloomberg, que mostrou uma oscilação positiva na aprovação de Lula após o anúncio da taxação.

A nova fala pública de Lula

O levantamento, divulgado na terça-feira (15/7), indica que Lula vem conseguindo resgatar apoio popular imediatamente após o anúncio de Trump. O impacto direto sugere que essa questão pode ser utilizada como uma alavanca para o mandatário em um período em que sua popularidade apresentava sinais de queda. Rubens Beçak, professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza que a questão da soberania tem sido um trunfo que Lula pode explorar, ao discutir a “invasão” dos assuntos brasileiros por Trump.

Os aliados de Lula consideram que essa situação reacendeu a moral da esquerda. O presidente do PT, senador Humberto Costa (PE), acredita que o governo “encontrou um eixo político na defesa das suas ideias”, o que tem mobilizado a militância petista e atraído novos simpatizantes que eram críticos do Executivo.

O cenário para 2026

Com a corrida eleitoral de 2026 já começando a se delinear, Lula emerge como o principal candidato à presidência pela esquerda. No entanto, os nomes da direita ainda permanecem indefinidos. Entre os potenciais candidatos, destacam-se os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), do Paraná, Ratinho Jr (PSD), de Minas, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Beçak sinaliza que a atitude de Trump pode, na verdade, fragilizar os candidatos da oposição, especialmente Tarcísio de Freitas, que recentemente posou com o boné do movimento “Make America Great Again”. “A situação exige que Tarcísio tenha um posicionamento claro, e se ele não apoiar um Brasil forte, isso será utilizado contra ele na eleição”, explica Beçak.

A campanha “nós contra eles”

A ofensiva de Trump surge num momento em que o PT lança uma campanha chamada “nós contra eles”, na qual critica o Congresso Nacional por proteger os interesses dos mais ricos, enquanto o governo busca a redução de impostos para os mais vulneráveis. A campanha começou após o Legislativo ter derrubado um decreto do Executivo sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), situação que reforçou a narrativa de defesa dos mais pobres.

O professor Marco Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), menciona que essa recuperação da imagem de Lula está dividida em dois passos: primeiro, a questão do IOF, onde o governo se posiciona como protetor dos mais needy, enquanto o Congresso se destaca como defensor dos poderosos. E, em segundo, a declaração de Trump sobre a taxação, que inadvertidamente fortaleceu a imagem de Lula como um líder nacional.

Respostas e retaliações do governo brasileiro

Em resposta às tarifas norte-americanas, o governo brasileiro anunciou que pretende usar a Lei de Retaliação Econômica, que permite impor tarifas proporcionais e suspender acordos comerciais. Contudo, o Palácio do Planalto aposta numa solução diplomática inicial, buscando diálogo com setores da indústria e do agronegócio. O vice-presidente Geraldo Alckmin tem promovido reuniões com esses setores na tentativa de restabelecer uma linha de comunicação que havia sido debilitada anteriormente.

Essa nova dinâmica política não apenas reacende a popularidade de Lula, mas também redefine as estratégias das oposições, desenhando um cenário eleitoral intrigante para as próximas eleições presidenciais. Com o embate entre os Estados Unidos e o Brasil se ampliando, observa-se que a retórica política interna poderá ser fortemente influenciada por essa nova realidade global.

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