As ameaças de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos estão causando grande apreensão nos setores de carnes, frutas e aviação no Brasil. A medida, anunciada pelo governo Trump, pode inviabilizar negócios e levar a perdas bilionárias. A situação incentiva negociações e reflexões sobre a relação comercial bilateral, enquanto o impacto econômico se intensifica.
Impacto nas exportações brasileiras e setor de carnes
Os frigoríficos de Mato Grosso do Sul e de outras regiões já estão suspendendo as exportações de carne bovina para os EUA, segundo o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck. A decisão veio após o anúncio da tarifa de 50%, que ameaça reduzir drasticamente as vendas ao país, o segundo maior destino da carne brasileira. Segundo Verruck, cerca de 30 mil toneladas, equivalente a US$ 160 milhões, podem ficar paradas até agosto.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Pedrosa, afirmou que, com essa tarifa, as vendas podem se tornar inviáveis, prejudicando uma cadeia que gera sete milhões de empregos no país. “Se essa tarifa for para a frente, estimamos que até 2030 a Embraer terá um custo adicional de R$ 20 bilhões”, afirmou Pedrosa, ressaltando os riscos de cancelamento de encomendas e desistência de negócios.
Setor agrícola enfrenta insegurança na exportação de frutas
Outro setor abalado é o de frutas, principalmente a manga, que tem embarques previstos para os Estados Unidos a partir de agosto. O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, revelou que todos os contratos, fretes e embalagens já estão fechados, mas a tarifa traz incerteza total. Segundo ele, dependendo dos desdobramentos, os embarques serão suspensos, gerando prejuízos e insegurança na safra.
Reação de empresas e balanços da Embraer
A Embraer, maior fabricante de aeronaves do Brasil e com forte presença nos EUA — representando 45% do mercado de jatos comerciais e 70% do de jatos executivos — calcula que a tarifa de 50% teria impacto semelhante ao da pandemia de Covid-19, que reduziu sua receita em 30%. O CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, considerou a medida como um “embargo” e destacou que o aumento tarifário tornaria inviável a venda do jato E1, além de elevar os custos em R$ 50 milhões por unidade produzida.
Segundo ele, se reforçar a alíquota de 50%, as vendas e o planejamento financeiro da Embraer serão significativamente prejudicados, e a expectativa é que o custo adicional ultrapasse R$ 20 bilhões até 2030, considerando a redução de competitividade no mercado americano.
Conflitos políticos e possibilidades de negociação
As tensões crescem à medida que o governo brasileiro busca reverter o cenário. O ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista que a ideia do governo é não solicitar prazos adicionais para o tarifão de Trump, ressaltando a intenção de negociar. Enquanto isso, a reunião no Supremo Tribunal Federal sobre a validade de decretos relacionados ao IOF terminou sem acordo, deixando a questão nas mãos de Moraes.
Na prática, empresas norte-americanas, como frigoríficos, já estão suspendendo compras e operações de abate de bovinos, preocupadas também com a possibilidade de descontinuidade na exportação de carnes, que é vital para o Brasil. Segundo Jaime Verruck, essa base de aproximadamente 7 milhões de empregos fica ameaçada de perda se as tarifas permanecerem ou forem elevadas.
Perspectivas futuras e riscos econômicos
A expectativa entre especialistas é de que a relação comercial entre Brasil e EUA se abale significativamente, com possíveis perdas financeiras para várias indústrias. A busca por negociações e alternativas, como remanejar pedidos para outros países ou aumentar o mercado interno, deverá marcar os próximos meses, enquanto o cenário de incerteza persistirá até que uma solução seja alcançada.
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